Cientistas cubanos identificaram três proteínas presentes no veneno do escorpião-azul que inibem as células malignas do câncer. A equipe informou ainda que está disposta a aceitar a colaboração internacional para a produção em grande escala, segundo anúncio do diretor do laboratório estatal encarregado das pesquisas.
;São três proteínas de baixo peso molecular e de marcada inibição de células malignas, inofensivas para a saúde humana e que não causam quaisquer efeitos colaterais;, descreveu José Fraga Castro, diretor do grupo empresarial estatal Labiofam, durante entrevista coletiva realizada na terça-feira.
O cientista, que é sobrinho dos irmãos Fidel e Raúl Castro, explicou que o veneno do chamado escorpião-azul ; cuja cor, na verdade, é avermelhada ; é tóxico se aplicado de forma parenteral (introduzida no organismo de forma diferente da digestiva, como intravenosa, subcutânea ou intramuscular). Porém, por via oral, é inócuo.
Fraga informou que esses produtos, que serão apresentados no I Congresso Internacional do Labiofam, de 28 de setembro a 1; de outubro, já estão patenteados em Cuba e foram submetidos a um teste pré-clínico satisfatório em ratos. O especialista disse ainda que já são feitos testes em doentes de câncer.
;Estamos abertos a trabalhar com qualquer cientista ou instituição para o desenvolvimento (de uma droga) sem fins lucrativos;, afirmou. ;Se tivermos de trabalhar com outro laboratório, não teremos objeções;, enfatizou o cientista, que comentou que especialistas da Espanha e da Venezuela participaram dos estudos.
Criadouros
Fraga disse ainda que a Labiofam desenvolveu criadouros de escorpiões em todo o país, com uma população de 5 mil animais cada. Cada animal vive, em média, dois anos, e o veneno é extraído a cada 21 dias. Mesmo assim, a proporção é insuficiente para uma produção em escala de medicamentos, portanto é preciso procurar soluções científicas, mediante a medicina homeopática, para sua multiplicação.
O especialista informou que, durante o encontro internacional, a Labiofam apresentará outros dois produtos, um antianêmico oral e um produto de controle biológico do mosquito vetor da malária. Segundo Fraga, esse biolarvicida foi aplicado com sucesso em um país africano que não especificou, mas que construirá uma fábrica para produzi-lo com tecnologia cubana. Outros cinco países do continente também estariam interessados em erguer instalações semelhantes.