O pesquisador brasileiro Osvaldo Marinotti está desenvolvendo na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, um mosquito geneticamente modificado que pode ser usado para reduzir a proliferação do Aedes aegypti, transmissor da dengue.
Como apenas as fêmeas do inseto picam e transmitem a doença, além de carregar os ovos, a técnica visa a diminuir essa população.
O mosquito que está sendo desenvolvido produz uma toxina no código genético que atrapalha a formação das fêmeas, deixando-as com as asas atrofiadas e incapazes de sobreviver. Os machos, no entanto, são normais. A ideia é que os ovos com esses mosquitos transgênicos sejam colocados na natureza.
Como as fêmeas são inválidas, apenas os machos teriam capacidade de voar e transmitiriam o código genético ;inseticida; à medida que cruzassem com as fêmeas. As crias resultantes desses cruzamentos teriam fêmeas defeituosas e os insetos do sexo masculino normais, para transmitir a herança genética adiante. Com a população de fêmeas reduzida, a reprodução do inseto fica prejudicada.
[SAIBAMAIS]Segundo Marinotti, a técnica pode ser capaz de exterminar a população de Aedes aegypti em uma localidade. ;Mas mosquitos existem em todos os lugares. E mosquitos vindos de outros lugares vão repovoar aquela região;, acrescenta. Por isso, seria necessário fazer novas solturas do animal modificado para prevenir o aparecimento da doença.
O custo da técnica, segundo o pesquisador, não é muito elevado. ;Eu acho que o custo maior talvez seja com a distribuição e logística;, ponderou.
Os mosquitos transgênicos estão atualmente passando por testes em ;grandes gaiolas; no México. De acordo com o pesquisador, o uso do mosquito vai depender dos resultados desses testes, realizados em um sistema de contenção, sem soltar os animais na natureza.
;Esses resultados vão ser usados pelos órgão reguladores de meio ambiente e saúde pública. E vão avaliar se vale a pena e se é seguro fazer um teste em campo, em condições de soltar mosquito na natureza;, explicou.
Os insetos transgênicos estarão prontos para serem testados em campo em um prazo de um a dois anos, segundo Marinotti.