No caminho em busca de um coração saudável existem sete passos importantes. São pequenas mudanças que podem evitar que o principal órgão do corpo humano pare de funcionar. A lista com atitudes para prevenir doenças cardíacas foi divulgada em fevereiro pela American Heart Association (Associação Americana do Coração). Faça exercícios físicos, controle o colesterol, coma melhor, controle a pressão arterial, perca peso, reduza o nível de açúcar no sangue e pare de fumar. Os conselhos dos cientistas americanos podem parecer soluções simples, mas são essenciais para ter mais saúde e viver melhor. Basta dar o primeiro passo.
Um coração saudável é resultado de escolhas certas. As doenças cardiovasculares estão diretamente associadas aos hábitos de vida, e a incidência de problemas aumentou com a evolução da sociedade moderna. ;Há 100 anos, você não tinha tantas ocorrências como atualmente. São mais de mil mortes por dia. Hoje, nós temos uma população que se exercita pouco, come muito e fuma demais. Todas essas atitudes trazem riscos altos para o desenvolvimento de enfermidades cardíacas;, explica José Francisco Kerr Saraiva, cardiologista e diretor de relações institucionais da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp).
Obesidade, sedentarismo, tabagismo, hipertensão, colesterol alto, diabetes e má alimentação. Todos são fatores de risco que podem levar à obstrução de uma das artérias do coração. Sete situações que devem ser evitadas. ;Cada um deles tem um impacto por si só e pode aumentar as chances de um infarto ou derrame. E, de certa forma, eles se complementam. Uma pessoa obesa, provavelmente, vai ter o colesterol elevado, pressão alta e ser sedentária. Portanto, essas atitudes preventivas podem ajudar em vários problemas;, analisa Bruno Ganem, cardiologista da Amil.
Mudar de hábito é um processo difícil. O conselho dos médicos é dar um passo de cada vez, antes que todos eles se transformem em prioridades para viver. É o caso de Neilme Magalhães Maciel da Silva, 55 anos. Ela foi pega de surpresa em 14 de novembro do ano passado. Depois de sentir fortes dores nas costas durante todo o dia, ela chegou à emergência do hospital e descobriu que estava sofrendo um enfarte. ;Nunca tive nada do tipo, não tinha sequer histórico de doenças cardíacas na família. Nem acreditei quando escutei o médico dizendo para o meu marido que eu tinha tido um infarto. Logo depois, fiz um cateterismo, uma angiosplastia e fiquei quatro dias na UTI;, conta a servidora pública.
Ao olhar para atrás, Neilma não tem dúvidas do que pode ter causado o transtorno. ;Fumei durante 30 anos. Também estava com o colesterol alto. Aqui em casa, a gente sempre fez a comida com pouco sal, mas na parte da gordura eu abusava mesmo, era muito hambúrguer e bacon. Agora, estou fora disso;, assegura. ;A feijoada é meu prato favorito e hoje eu faço uma versão light, só com uma carne seca bem magrinha. Não reclamo que não posso comer isso ou aquilo, eu quero é viver um vida saudável.;
Mudança à força
Os problemas podem parecer claros agora, mas por que, para algumas pessoas, é tão difícil dar os primeiros passos? ;Depois que você adoece, vê o quanto errava. Mudei a minha vida radicalmente. Tem muita coisa que a gente não dá valor. Depois do susto, comecei a enxergar como é importante cuidar da saúde. Não quero mais passar por tudo aquilo de novo. Os dois verbos mais essenciais na minha vida agora são: evitar e preferir;, afirma Neilma.
Segundo os especialistas, prevenir é sempre melhor do que remediar. ;É comum que a pessoa só mude mesmo depois que acontece algum problema. Você só vai valorizar sua saúde quando tiver uma doença, e não deveria ser assim;, comenta Ganem. O checkup pode ser o ponto de partida para a mudança. Os adultos precisam fazer uma avaliação médica anual para medir os níveis de colesterol e açúcar no sangue. Depois dos 50 anos, por causa da idade, o risco aumenta e os cuidados precisam ser intensificados.
Quando um paciente entra no consultório de um cardiologista, é possível calcular o risco que ele tem de sofrer um infarto em 10 anos com um simples teste. A tabela, chamada de escore de Framingham, avalia a idade, a dosagem do colesterol LDL e HDL, a pressão arterial na hora da consulta e se o indivíduo é fumante ou não. Os resultados são analisados em um quadro diferenciado para homens e para mulheres. ;A doença cardíaca é silenciosa. É preciso muita atenção do paciente e do médico. Não existe receita de bolo, cada pessoa é diferente da outra. Por isso, fazer uma avaliação médica individual e exames laboratoriais regulares é essencial;, conclui Ganem.
Transformar o estilo de vida é difícil. Portanto, vá com calma. Não é necessário colocar todos os sete passos em prática em um só dia. ;Faça uma mudança hoje e amanhã você estará pronto para fazer outra;, aconselha a American Heart Association. Segundo o cardiologista da Amil, duas atitudes são essenciais para conseguir atingir o objetivo de uma vida saudável e livre de doenças cardíacas. ;Comece aos poucos e sem colocar muita pressão nessas atitudes. Se você acatar duas dicas importantes, vai ficar mais fácil e acabar influenciando as outras cinco. Ter uma dieta adequada e eliminar o sedentarismo fazem a diferença;, diz.
Para os médicos, o primeiro passo, e o mais fácil de incluir na rotina, é a atividade física. ;É o mínimo que deve ser feito para se prevenir das doenças cardíacas. Mas não basta apenas andar. É necessário fazer uma caminhada que mude o padrão de respiração, quando a gente não consegue mais falar frases muito longas;, aconselha o cardiologista.
A segunda atitude que faz a diferença está nas escolhas alimentares. As refeições devem ser balanceadas e repletas de vitaminas e nutrientes. Aposte nas porções de frutas e vegetais. E consuma gorduras de origem vegetal, como óleo de girassol e azeite de oliva. ;Procure fazer uma alimentação equilibrada, fugindo das comidas gordurosas e com grande quantidade de calorias. Bebidas alcoólicas devem ser consumidas com moderação, porque são fatores determinantes para hipertensão e diabetes;, sugere o diretor da Socesp.