O senhor pode falar um pouco como o Ibama trabalhará na prática, caso alguns mecanismos que estão sendo discutidos em Copenhague sejam aprovados, como as ações nacionais de mitigação ou a redução de emissões por desmatamento e degradação florestal (REDD)?
O que se discute numa conferência como a COP-15 é algo macro. No que diz respeito ao Ibama, o que posso dizer, é, claro, se tivermos novas ações, novas metas, vamos ter que ter reforço na operação.
Uma das metas apresentadas pelo Brasil e já transformada em lei é a redução do desmatamento da Amazônia. Como o Ibama vai atuar?
Conseguimos diminuir o corte de árvores na Amazônia de 11 mil quilômetros quadrados para 7 mil quilômetros quadrados. Isso foi uma felicidade. Com isso, temos uma expectativa de chegarmos a 2020 cumprindo a meta. E cumprindo bem. O desafio é continuar nessa curva descendente.
E o que será necessário para manter a curva caindo? Aproveito para perguntar sobre o cerrado, mata atlântica e caatinga, já que não temos apenas a Amazônia para cuidar, né?
Vamos reforçar a fiscalização, investir em tecnologia e em pessoas. Mas essa é uma aliança que precisa ser feita com a sociedade: com estados, municípios, sociedade civil organizada, federações de entidades, enfim, todos devem participar. Estamos preparando o Plano de Prevenção e Controle de Desmatamento do Cerrado e vamos intensificar as ações na mata atlântica também, para nos próximos cincos, reduzirmos em pelo menos 20% de sua derrubada, já que é um bioma muito sacrificado. Só há 8% dela no Brasil.
E nas cidades e estados, como será possível acompanhar e cumprir as metas do Brasil para reduzir as emissões de gás carbônico e equivalentes?
Bom, primeiro é importante ressaltar que cada estado deve fazer seu zoneamento ecológico (ZEE) para planejamento. Ele não é obrigatório, mas fundamental. Já as emissões nas cidades, pelos automóveis, vão ser verificadas pelo Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), que estabeleceu um cronograma de redução gradual da emissão de poluentes para veículos leves (automóveis) e para veículos pesados (ônibus e caminhões). Por isso tudo, acredito que o Brasil esteja tendo uma oportunidade impar nesse momento.