Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Clima: ministros do Meio Ambiente dão impulso político à negociação

A negociação de um novo acordo mundial de luta contra a mudança climática em Copenhague entrou neste domingo em sua fase política, com uma reunião informal de ministros do Meio Ambiente em torno de um rascunho que deve ser revisado antes da chegada dos chefes de Estado. [SAIBAMAIS]Enquanto as equipes de negociadores técnicos faziam uma pausa neste domingo, um grupo restrito de 50 ministros do Meio Ambiente manteve uma reunião informal a portas fechadas convocada pela ministra dinamarquesa Connie Hedegaard. "As discussões sobre o núcleo (do acordo) começaram de fato", disse Hedegaard, que preside a conferência. "Mas ainda temos pela frente um trabalho colossal", acrescentou. Os ministros, antecipando a chegada dos representantes políticos dos 193 países no início da semana, discutem um primeiro rascunho do acordo, apresentado sexta-feira pelo diretor do grupo de trabalho de Cooperação a Longo Prazo (LCA nas siglas em inglês), o maltês Michael Zammit Cutajar. "Ninguém concorda com o texto em seu conjunto, mas a maioria dos países encontra alguma coisa a seu gosto e está disposta a aceitá-lo como uma base de trabalho", disse Alden Meyer, diretor da ONG Union of Concerned Scientists. O texto prevê limitar o aumento da temperatura média a 1,5ºC ou 2,0ºC e contempla um segundo período de compromisso sob o Protocolo de Kyoto. Mas é vago no que diz respeito ao financiamento, e não fixa data limite para concluir um tratado legalmente obrigatório, dos temas cruciais na negociação. Os pontos de desacordo são numerosos. Os Estados Unidos lamentam que não haja uma imposição de cortes de emissões de gases causadores de efeito estufa a grandes potências emergentes como Brasil, China e Índia. A União Europeia, a mais comprometida até agora, em suas metas de redução (-20% até 2020 em relação a 1990, com a possibilidade de ir até -30% se os demais países fizerem um esforço considerável) considerou que o rascunho do acordo não é ambicioso o bastante. Já os países em desenvolvimento criticam o acordo por não ser mais preciso com relação ao financiamento. Na reunião informal com Hedegaard, cujo resultado não foi divulgado, participaram o negociador chefe brasileiro, Luis Alberto Figueiredo, e a chefe da delegação brasileira, a ministra Dilma Rousseff. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, deve chegar quarta-feira a Copenhague. A Conferência termina sexta-feira com a participação de quase 120 chefes de Estado e de Governo, entre eles o americano Barack Obama. O Brasil decidiu assumir em Copenhague um compromisso de redução de entre 36% e 39% dos gases de efeito estufa até 2020.