COPENHAGUE - Os 193 países reunidos em Copenhague na conferência da ONU sobre o clima esperam, desde já, um verdadeiro projeto de acordo, após a polêmica despertada pelo vazamento de um esboço de texto dinamarquês.
Nesta quarta-feira, a pequena ilha de Tuvalu (sul do Pacífico) foi a sensação, ao exigir um esforço obrigatório de redução das emissões poluentes aos gigantes chinês e indiano, principalmente.
"Devemos avançar, é preciso um acordo vinculante que preserve o planeta e proteja os mais pobres, todo o resto é distração," declarou à AFP Dessima Williams, representante de Granada e da Associação de Pequenos Estados Insulares (AOSIS).
[SAIBAMAIS]Williams mostrou-se, como muitos outros, desejosa de acabar com a crise desencadeada pela divulgação, na véspera, de uma proposta dinamarquesa de texto, considerada injusta por alguns países em desenvolvimento, mas já caducada, segundo a maioria dos delegados.
Para a negociadora francesa Laurence Tubiana, o vazamento organizado por ONGs forneceu um "espetáculo útil ao G-77 (coalizão de 130 países em desenvolvimento) para atacar a presidência dinamarquesa".
Tuvalu, nove atóis de coral no sul do Pacífico e com 11.000 habitantes, atacou tanto os gigantes do planeta quanto um tabu na história da diplomacia sobre o clima: a diferença, desde a adoção da Convenção do Clima, em 1992, entre a "responsabilidade histórica" dos países industrializados daquelas das nações em desenvolvimento.
Tuvalu propôs emenda "juridicamente vinculante" ao Protocolo: ele estabeleceria, a partir de 2013, metas de redução para os grandes emergentes que representam mais da metade das emissões mundiais de gases de efeito estufa.
O arquipélago sugeriu a criação de um grupo de contacto sobre o assunto. "Mas China, Índia e Arábia Saudita bloquearam nossa proposta", afirmou Taukiei Kitara, delegada de Tuvalu.
Enquanto isto, os países em desenvolvimento se preocupam, sobretudo, com a falta de visibilidade do financiamento de um próximo acordo.
As únicas promessas claras a respeito são relativas ao desbloqueio imediato de cerca de 10 bilhões de dólares por ano, a partir do ano que vem, e em três anos, para ajudar as nações mais vulneráveis aos efeitos da mudança climática.
Os países industrializados ainda hesitam sobre o montante de sua contribuição, enquanto os países mais pobres avaliam as políticas de adaptação à mudança climática em mais de 50 bilhões de dólares por ano, até 2050.