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Ciência e Saúde

Aquecimento climático pode ser maior que o previsto, segundo estudo

PARIS - Na véspera da abertura da conferência da ONU, em Copenhague, um estudo sobre o clima no passado, divulgado neste domingo pela revista especializada Nature Geoscience, diz que o aquecimento a longo prazo, causado pelo aumento de concentrações de gases de efeito estufa poderá ser entre 30% e 50% mais alto que o previsto.

A capacidade atual dos computadores não permitem levar em consideração todos os fatores a longo prazo, motivo pelo qual os cientistas se voltam para o passado da Terra para obter mais informações.

Assim, uma equipe analisou as temperaturas e a concentração de CO2 no Plioceno Médio, há três milhões de anos.

As temperaturas eram entre três e cinco graus mais altas que hoje, numa atmosfera que continha 400 partículas por milhão (ppm) de dióxido de carbono (CO2), ou seja, pouco mais que as 387 ppm atuais.

Em relação à concentração de CO2 nessa época, as temperaturas do Plioceno Médio são, portanto, entre 30% e 50% mais altas do que dão a entender os parâmetros do Painel Intergovernamental de Especialistas sobre Mudança Climática (IPCC nas siglas em inglês) da ONU, observam os autores.

Os estudos do IPCC não levam em conta as mudanças de elementos de nosso sistema climático com variações lentas, explicam.

Mas a pesquisa não questiona as conclusões dos modelos climáticos para este século e sim o nível de estabilização.

"Nossos trabalhos muestram que a 400 ppm, teremos mais de dois graus" de aquecimento. "Para estabilizarmos a dois grados, deveríamos fixar como objetivo 380 ppm aproximadamente", ou seja, uma redução em relação ao nível atual, explica.

Num debate sobre o nível de estabilização do CO2, "é realmente importante conhecer as consequências a longo prazo das emissões", destaca o estudo.

Mas, embora os seres humanos deixem já a partir de amanhã de emitir CO2, o nível na atmosfera só começaria a baixar dentro de vários séculos.