A arterioesclerose não é doença das sociedades modernas; os ricos egípcios do tempo dos faraós já sofriam da doença, como atestam múmias submetidas a aparelhos modernos, como os tomógrafos, revela um estudo divulgado nesta quarta-feira no Journal of the American Medical Association (JAMA).
"As enfermidades cardiovasculares estão onipresentes em nossas sociedades modernas e, apesar das diferenças entre os modos de vida de hoje e dos tempos antigos, descobrimos que eram recorrentes na alta sociedade egípcia há vários milênios", explica o médico Gregory Thomas, professor de cardiologia da Universidade da Califórnia (oeste) em Irvine, um dos autores do estudo.
"Esta descoberta faz-nos pensar que deveríamos, talvez, olhar mais além dos fatores de risco modernos para compreender realmente esta enfermidade", acrescentou. Os principais fatores de risco são, atualmente, uma alimentação rica em gorduras, a falta de exercícios físicos e o tabagismo.
Para verificar se a arterioesclerose esteve presente, particularmente, no Egito antigo, uma vez que o faraó Merenptah (1213 a 1203 antes de nossa era) teria morrido da doença aos 60 anos, o doutor Thomas e outros cardiologistas americanos e egípcios decidiram investigar mais. Merenptah ou Merneptah foi o quarto faraó da XIX dinastia egípcia do Império Novo. O nome Merenptah significa "Amado de Ptah".
Com a cooperação de egiptólogos e especialistas na preservação de cadáveres, foram selecionadas 20 múmias do Museu de Antiguidades egípcias do Cairo para uma tomografia, com atenção especial no sistema cardiovascular.
Os cientistas descobriram que nove das 16 múmias que ainda possuíam artérias identificáveis, ou o coração, depois do processo de mumificação, apresentavam calcificação coronariana.