Parkinson. No estudo, foi comprovado que o réptil não sofre o chamado estresse oxidativo, resultado direto da produção exagerada dessas substâncias, tendo um retorno à vida normal menos desgastante que o da maioria dos animais que hibernam.
Durante a hibernação (3); período que, para o teiú, dura de três a cinco meses por ano ; o metabolismo do lagarto sofre uma enorme queda de atividade, resultando na diminuição da produção de enzimas antioxidantes e de radicais livres. ;Por outro lado, o organismo dos outros animais hibernantes, como certos mamíferos e anfíbios, precisa produzir grandes quantidades de substâncias antioxidantes para combaterem os piores efeitos dessas substâncias;, afirma Alexis Welker, responsável pelo estudo e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Numa outra frente, o pesquisador analisou os efeitos do estresse oxidativo no organismo do réptil, porém, numa situação de privação alimentar. Segundo ele, esse foi o grande diferencial da pesquisa. ;Ao contrário da hibernação, em jejum, o organismo do animal sofre todas as consequências dos danos oxidativos. Isso mostra que a baixa no metabolismo só acontece quando eles se encontram em estado letárgico;, esclarece Welker, que durante dois anos analisou amostras de intestinos de teiús cedidas pelo Departamento de Zoologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Respiração
O lagarto pode também fornecer pistas sobre como lidar melhor com quadros de isquemia. ;A interrupção parcial da atividade respiratória seguida de retorno repentino, a chamada isquemia seguida de reperfusão, pode causar danos cerebrais intensos e até levar o indivíduo à morte. Ela também leva ao excesso de formação de radicais livres. Mas hibernantes como o teiú, por resistirem bem a essas situações, podem nos ensinar a evitar os problemas advindos de falhas no fornecimento de oxigênio;, exemplifica o pesquisador.
Diversos estudos mostram a forma como as espécies lidam com a hibernação. Esquilos e sapos, comuns em regiões do hemisfério norte, são exemplos disso. Welker usou alguns levantamentos prévios e os comparou com os dados colhidos sobre o teiú, como a pesquisa a respeito dos esquilos-do-ártico (Spermophilus parryii) feita por seu orientador, o biólogo da UnB Marcelo Hermes-Lima. O comportamento metabólico do animal durante o fenômeno impressiona. Sua temperatura, por exemplo, pode chegar a 2;C negativos, quando hiberna, e a 37;C, depois de desperto. ;Já o réptil (teiú) não manifesta essa variação, apresentando praticamente a mesma temperatura do local onde foi estudado, cerca de 17;C;, compara Lima.
De acordo com o responsável pelo Departamento de Zoologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Denis Andrade, diversas espécies de répteis hibernam nas estações desfavoráveis do ano, normalmente naquelas caracterizadas por baixas temperaturas. A estratégia, portanto, permite que haja uma grande economia de energia, pois, durante o período de inatividade, o metabolismo é bastante reduzido. ;Os teiús hibernam em tocas escavadas no solo. Durante esse período, eles não se alimentam, mas se valem das reservas de gordura acumuladas durante o período de atividade;, explica.
1 - Réptil tropical
Os teiús são lagartos tropicais bastante comuns no Brasil. Eles podem ser encontrados com mais frequência na região sul da Amazônia, no Sudeste e no Nordeste, como no arquipélago de Fernando de Noronha (PE).
2 - Resultado da respiração
Independentemente da espécie, o surgimento dos radicais livres é consequência do consumo de oxigênio, uma necessidade de quase todos os seres vivos. É bom esclarecer que, em quantidades normais, eles não causam mal algum.
3 - Mínimo necessário
A hibernação é um estado de sonolência e inatividade fisiológica em que a taxa metabólica e as funções vitais do organismo dos animais, como a necessidade alimentar, por exemplo, são reduzidas ao mínimo necessário à sobrevivência.