Embalagens, sacolas e vários outros objetos feitos de plástico comum podem ser, num futuro próximo, desenvolvidos a partir de materiais não poluentes. Diversas linhas de pesquisa em andamento no Brasil e em outros países prometem reduzir consideravelmente o tempo de decomposição ; hoje em torno de 200 anos ; desses materiais que se acumulam em aterros sanitários de todo o mundo.
Uma das alternativas para amenizar os impactos que esses produtos causam no meio ambiente surgiu de onde menos se imaginava: do próprio lixo. Cientistas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT) inventaram um plástico biodegradável produzido a partir do bagaço da cana e de restos de frutas que sobram das usinas de álcool e fábricas de suco (veja arte). Depois de pronto, o produto tem um tempo de vida útil de seis meses, o que ecologicamente representa uma enorme vantagem. Afinal, depois desse prazo, é facilmente absorvido pela natureza. ;Ele também não é poluente. Contribui para redução do lixo;, afirma a pesquisadora Maria Filomena Rodrigues, responsável pelo Laboratório de Biotecnologia Industrial do IPT.
Segundo a cientista, a próxima fase da pesquisa deve viabilizar o processo em grande escala. ;Com esse plástico, é possível fazer embalagens descartáveis de iogurte, margarina e garrafas. A viabilidade para as sacolas plásticas, porém, ainda está sendo estudada;, afirma, lembrando que hoje em dia, a maioria dos plásticos convencionais encontrados nos supermercados é proveniente de polímeros industriais, como polipropileno, polietileno e náilon.
As pesquisas que deram origem à produção dos plásticos ecologicamente corretos começaram há cerca de 40 anos. Além de reduzir a quantidade de lixo acumulado, a produção desses materiais substitutos mira no grande responsável pelo aquecimento global: o dióxido de carbono (CO2). Para se ter uma ideia, a produção de 1kg de plástico convencional resulta na emissão de 6kg do gás na atmosfera, além de exigir a utilização de 2kg de matéria-prima fóssil (petróleo).