Os neurologistas são unânimes: a doença é grave e, apesar da quantidade de vítimas que faz anualmente, os brasileiros estão pouco atentos a ela. De acordo com o vice-presidente da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), Rubens Gagliardi, sintomas típicos do AVC, como fortes dores de cabeça, perda de equilíbrio e coordenação, fraqueza ou dormência nos braços, pernas e face, além de comprometimento súbito da fala e dificuldade de compreensão são menosprezados e entendidos como manifestações de mal- estar.
;Muitos pacientes não procuram socorro a tempo de se evitar as sequelas do AVC. É extremamente importante buscar atendimento médico adequado o mais rápido possível. O quadro é progressivo e as chances de sobrevivência e recuperação ficam reduzidas à medida que o tempo passa;, explica o neurologista. ;Dependendo da região e da extensão do cérebro afetada pelo acidente, os pacientes ficam com distúrbios graves na fala, deglutição, movimentação, compreensão e até interação;, alerta.
Recuperação difícil
O acidente vascular cerebral é mais comum em indivíduos acima de 55 anos. A prevenção é importante e nem sempre levada em consideração. Tabagismo, obesidade, estresse, sedentarismo e doenças cardiovasculares são fatores de risco.
O Estudo de Mortalidade e Morbidade por Acidente Vascular Cerebral (EMMA), conduzido pela Universidade de São Paulo desde 2006, revela que a hipertensão não tratada é um fator decisivo para a ocorrência do problema. Segundo a epidemiologista e coordenadora da pesquisa, Alessandra Goulart, até dezembro do ano passado, dos 1,2 mil pacientes atendidos com suspeita de AVC no Hospital Universitário, 828 tiveram o diagnóstico confirmado. ;Cerca de 80% das mulheres e 71% dos homens atendidos eram hipertensos. Muitos desconhecem que a pressão alta é um fator de risco;, lamenta.
A médica destaca que uma das manifestações psiquiátricas mais comuns depois de um AVC é a depressão. ;Ela se deve tanto a particularidades da lesão cerebral em áreas relacionadas ao humor quanto à reação psicológica aos prejuízos e incapacidades trazidas pela doença. Os cuidados e o carinho da família dos pacientes são essenciais para a recuperação daqueles que sobrevivem. É preciso dedicação para a reabilitação;, observa Alessandra.