Eles são capazes de atuar em diversas áreas. Na medicina, sob comando humano, realizam cirurgias com sucesso. Tarefas domésticas como cozinhar e limpar, então, já não são mais segredo. Na indústria, conseguem fabricar peças, fazer reparos e manutenção específica. Diante de tantas evidências, é impossível não reconhecer a importância dos robôs na atualidade, principalmente em tarefas de risco que exijam perfeição e rapidez. A inteligência robótica, ao contrário do que muitos pensam, significa mais do que foi mostrado até hoje pela ficção, que imortalizou personagens como os simpáticos R2D2 e C3PO, de Guerra nas Estrelas.
Mais eficiência, qualidade e redução de riscos para as pessoas foram os critérios que nortearam uma parceria entre a Universidade de Brasília (UnB) e a estatal Eletronorte. Dessa união, nasceu o robô-solda, desenvolvido com o objetivo de fazer reparos nas pás das turbinas da hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, sem a necessidade de parar a produção de energia no local (veja arte). A manutenção hoje é feita por funcionários, que além de se exporem a riscos, necessitam que o equipamento fique desligado por até três horas. Para se ter uma ideia, hoje, a hidrelétrica possui um total de 25 turbinas. ;Algumas delas tem 375 megawatts de potência. Caso uma precise ficar parada por uma hora, o prejuízo é de R$ 37,5 mil;, explica o engenheiro da Eletronorte Carmo Gonçalves.
O fenômeno da cavitação é o que dá origem ao problema. ;Com a passagem da água, as pás começam a sofrer com a erosão. Ou seja, todo o material metálico presente ali vai saindo;, diz. Enquanto a Eletronorte espera a chegada do robô para os próximos meses, a pesquisa na UnB prossegue a pleno vapor. Segundo o professor titular e fundador do Grupo de Automação e Controle em Processos de Fabricação (Graco), Sadek Absi Alfaro, o grande desafio desse e de outros projetos em curso, como o robô móvel, o robô soldador e o computador de mão, é colocar uma carcaça de ferro para ;pensar;, ao reunir conhecimentos de mecânica, eletrônica e software. ;Todo o controle da máquina será feito por um indivíduo;, afirma.
Para dar vida a essas criações, grande parte oriundas das necessidades do mercado industrial, o laboratório conta com o trabalho dos alunos da graduação, mestrado e doutorado da UnB e de instituições do país e do mundo. As cooperações, porém, são de órgãos de pesquisas brasileiros como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Incêndios
As inovações em robótica estão por todas as partes do mundo. Os japoneses, por exemplo, acabam de lançar um robô cozinheiro, capaz de preparar um alimento muito consumido pelos orientais, o macarrão do tipo lámen, ou miojo, para os brasileiros. Já um robô da Agência Espacial Americana (Nasa) acaba de descobrir um possível meteorito (fragmentos de asteroides, planetas ou cometas que podem chegar à Terra) no solo de Marte. Ele opera no espaço desde 2004. No Brasil, a produção também é grande. ;Tanto que somos constantemente procurados por outros países para fechar parcerias;, diz o professor Sadek, da UnB.
Prova disso é que as demandas de Chicago (EUA) e da Rússia estão movimentando uma empresa especializada em robótica de Fortaleza (CE). A Armtec nasceu depois de uma conclusão de curso do engenheiro Roberto Macedo, atual diretor executivo da companhia. O carro-chefe da produção da empresa é o robô Saci, criado para combater incêndios. ;Ele já está na terceira versão. Tem um jato de 8,4 mil litros por minuto e autonomia de seis horas de funcionamento;, explica Macedo. No momento, segundo ele, a empresa prepara a quarta versão, que vai capacitar o robô para subir escadas, medida facilitadora da locomoção da máquina dentro de prédios, por exemplo.
De acordo com o engenheiro, assim como o robô-solda da UnB, o Saci foi criado para proteger vidas, no caso, a dos brigadistas. ;A fuligem e a fumaça colocam a vida dessas pessoas em risco. Além disso, o robô atua com mais precisão e eficácia no foco de incêndio;, garante, lembrando que a tecnologia não é das mais caras. ;A média de preço é de R$ 200 mil por unidade. O intuito, porém, é reduzir cada vez mais os custos;, destaca. Atualmente, a empresa trabalha no desenvolvimento de vários outros projetos, como um robô que está sendo preparado para atuar como um submarino.