Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Ocidentais avaliam as expressões faciais de forma diferente dos orientais

Os ocidentais "lêem" as expressões faciais de forma diferente dos asiáticos, prestando mais atenção à boca, ao contrário dos orientais, que se focam fortemente nos olhos, aponta um estudo da Universidade de Glasgow, na Escócia, apresentado nesta quinta-feira. Essa "negligência" dos orientais em relação à boca pode levar a um número maior de erros na interpretação das emoções, afirma o estudo, apontando como sentimentos podem "se perder na tradução". "Mostramos que ocidentais e orientais observam diferentes características do rosto para ler as expressões faciais", explica Rachael Jack, da equipe da Glasgow University. "Ocidentais olham os olhos e a boca em igual medida, enquanto os orientais favorecem os olhos e negligenciam a boca. Isso significa que os orientais têm dificuldade em distinguir expressões faciais que parecem similares e próximas à região do olho". No estudo, voluntários foram convidados a olhar para fotografias de rostos com sete expressões emocionais básicas: felicidade, tristeza, raiva, repulsa, medo, surpresa e neutro. Os participantes asiáticos tiveram dificuldade em reconhecer expressões faciais de medo e repugnância, erroneamente interpretando-as como surpresa e raiva, diz a pesquisa, publicada na revista Current Biology. "Ao contrário dos participantes ocidentais, que levaram em conta pistas de todo o rosto, os asiáticos centraram-se principalmente nos olhos, onde a informação é frequentemente semelhante demais para poder discriminar algumas expressões", continua o estudo. Jack acrescenta ainda que "é interessante, embora a região dos olhos seja ambígua, os indivíduos tendem a escolher as emoções socialmente menos ameaçadoras, como surpresa ao invés de medo, por exemplo". "Isso talvez possa destacar as diferenças culturais no que se refere à aceitação social das emoções", acrescenta. A pesquisa conclui que houve "diferenças de percepção genuínas entre os dois grupos analisados" e que mais pesquisas ainda devem ser realizadas. "Caso contrário, quando se trata de comunicar emoções através das culturas, ocidentais e orientais vão ficar perdidos na 'tradução'".