Bonn (Alemanha) ; Apesar da demora nas negociações a quatro meses da Convenção sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas, os países desenvolvidos anunciaram durante a reunião informal que precede o evento de Copenhague que pretendem reduzir entre 15% e 21% os níveis de dióxido de carbono na atmosfera até 2020, em comparação a 1990.
Os Estados Unidos, porém, segundo maior emissor, perdendo somente para a China, não entram no grupo, já que o país se recusa a assinar o Protocolo de Kyoto. A delegação norte-americana reconhece a necessidade de políticas de redução de emissões de carbono, mas não concorda com a determinação de metas globais. Os EUA também impõem a participação de nações em desenvolvimento, como a Índia e a China, nos cortes.
Caso os 39 países industrializados, além da União Europeia, coloquem em prática as metas anunciadas, a quantidade de carbono emitida na atmosfera pode chegar a menos de 10 bilhões de toneladas, contra as 12,5 bilhões verificadas em 1990.
Falsa expectativa
A notícia parece boa, mas, para ambientalistas, pode nao passar de uma falsa expectativa. Em entrevista à imprensa alemã, membros de organizações não governamentais alegam que as nações industrializadas vão condicionar o corte de carbono à inclusão dos Estados Unidos num novo acordo que seria elaborado durante o encontro na Dinamarca.
A reunião informal que acontece em Bonn é apenas uma prévia do que ocorrerá em dezembro, quando se corre o risco de os interesses econômicos falarem mais alto do que os riscos ambientais.
Na terca-feira, o secretário-executivo do Painel de Mudanças Climáticas das Nações Unidas, Yvo de Boer, anunciou que as adaptações necessárias para evitar o aquecimento global podem custar US$ 300 bilhões por ano. "É uma cifra extraordinária", reconheceu. Porém, afirmou que o investimento é proporcional ao grau de compromisso que as nações possuem em relação ao meio ambiente.
Passos lentos
De Boer voltou a criticar os passos lentos com os quais os 180 países caminham no encontro informal preparatório para Copenhague. "Esse processo precisa ser resolvido imediatamente", enfatizou. O documento que será apresentado e discutido na Dinamarca vem sendo lapidado na reunião da Alemanha. São mais de 200 páginas que precisam passar para, no máximo, 15.
[SAIBAMAIS]O principal problema é que, no texto, existem aproximadamente 2 mil questões entre parênteses. Isso significa que são assuntos sobre os quais há discordância entre os países. Para se chegar ao documento de Copenhague, as pendências precisam ser resolvidas, pois só se fecham os parênteses quando as nações chegam a um consenso unânime.
Até a convenção na Dinamarca, haverá outros dois encontros informais: um na Tailândia e outro na Espanha.
A repórter viajou a convite da organização do evento