WASHINGTON - A malária, que afeta todos os anos cerca de 500 milhões de pessoas no mundo, pode ter sido inicialmente transmitida ao homem pelo chimpanzé, segundo um estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Science (PNAS).
As origens da malária, cujo transmissor é um mosquito, continuam sendo um mistério, mas os pesquisadores notaram que existe uma grande semelhança entre o parasita que a causa, o Plasmodium falciparum, e um parasita que afeta os chimpanzés, o Plasmodium reichenowi.
Segundo uma primeira hipótese, os dois parasitas evoluíram a partir de um ancestral comum e se diferenciaram ao mesmo tempo que seus hospedeiros, os hominídeos por um lado e os chimpanzés pelo outro, há uns cinco a sete milhões de anos.
Uma segunda hipótese sugere que o parasita seria de origem humana e que teria sido transmitido ao chimpanzé antes de evoluir de forma diferente.
Os autores do estudo se inclinam por uma terceira possibilidade depois de descobrir e analisar os novos parasitas da malária retirados de chimpanzés selvagens de Camarões e Costa do Marfim; segundo eles, é o parasita do chimpanzé que teria sido transmitido ao homem e teria sofrido depois mutações genéticas.
Os pesquisadores do Departamento de Ecologia e Biologia evolutiva da Universidade da Califórnia - que realizam o estudo - acreditam que esta transmissão para o homem, como no caso das pandemias modernas como a Aids ou a superpneumonia SRAS, pode ter acontecido em uma única ocasião há várias centenas de milhares de anos.
Mas o avanço humano cada vez mais importante sobre os últimos habitats do chimpanzé nas selvas da África equatorial leva um risco maior de transferência de novos patógenos, incluindo novos parasitas da malária, para o homem, advertem os autores do artigo.