Por meio de mensagens auditivas, visões do organismo humano ou frases diretas no pensamento, os paranormais brasilienses relatam um parecer sobre a saúde, sem a necessidade de tocar ou conversar com ninguém. Alguns até afirmam sentir a mesma dor que a do paciente. Responsável pelo núcleo de estudos da universidade, o físico Álvaro Tronconi prefere chamar essas pessoas de sensitivas, em vez de paranormais, como popularmente são conhecidas.
Diante dos fatos, segundo ele, é possível afirmar a existência de algum tipo de interação entre o sensitivo e o paciente, a denominada assimilação parassimpática. Apesar disso, ainda não se sabe que faixa de frequência cerebral é essa, capaz de captar informações, e se é possível estabelecer um padrão. ;Os próximos passos consistem em cruzar essas informações com o prontuário médico dos pacientes, além da avaliação de sensitivos de outros estados e países. Estabeleceremos uma pontuação, pois nesses casos é impossível pensarmos em resultados estatisticamente aceitáveis;, explica.
Normalidade
Para os estudiosos no assunto, a paranormalidade está mais perto do que se imagina dos seres humanos normais ; fator que cada vez mais distancia esses fenômenos do universo místico e religioso. Além disso, profissionais da saúde já estão preparados, atualmente, para diferenciar potencialidades da mente humana de doenças psíquicas. ;A condição pessoal de cada um desses sensitivos, bem como o meio em que vivem, vão determinar essa capacidade mental. No geral, pessoas com distúrbios ou que habitam ambientes não saudáveis têm mais dificuldades de evoluir;, afirma o parapsicólogo clínico e fundador do núcleo da UnB, Joston Miguel, autor do livro recém-lançado O domínio da mente superconsciente, resultado de 35 anos de pesquisa sobre os fenômenos da mente humana.
A funcionária pública Maria*, 47 anos, afirma receber mensagens auditivas esclarecedoras, a respeito da saúde de qualquer pessoa, estando ela presente ou não. A sensitiva, que participa da pesquisa da UnB, desde fevereiro, diz que as orientações recebidas são provenientes de seus mentores. ;Hoje, sigo a doutrina espírita, porém minha família nunca entendeu essa potencialidade. Quando pequena apanhei muito por conta disso;, afirma.
Já Lúcia*, 53 anos, também funcionária pública, percebeu que tinha uma inteligência mental evoluída na idade adulta. A partir daí, passou a buscar informações sobre o assunto em cursos voltados para a área espiritual e científica. ;Quando olho para alguém, tenho a visão completa daquele corpo, como se estivesse fazendo uma radiografia. Vejo a forma como a pessoa adquiriu a doença, onde ela está instalada e as possibilidades de cura;, conta, lembrando que nas consultas é possível distinguir males físicos de emocionais. As duas sensitivas concordam que os resultados do estudo podem vir a contribuir para a melhoria da qualidade do atendimento nos hospitais. ;Acredito na resolução de problemas humanos sem a ajuda de medicamentos ou intervenções cirúrgicas;, afirma Maria.
É importante lembrar que, para desenvolver a pesquisa, o núcleo de estudos paranormais da UnB elaborou um protocolo, aprovado pelos comitês de ética do HUB e do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF). Uma resolução da Agência Nacional de Saúde (ANS) também resguarda o nome de todos os participantes de qualquer tipo de exposição. Informada disso, a desempregada Joana*, 27 anos, decidiu participar da iniciativa por pura curiosidade. Depois de 10 minutos de ;consulta; com os doutores do oculto, sob avaliação dos pesquisadores, ela disse achar complicada essa história de diagnóstico completo, sem contato direto com o paciente. ;Mesmo sem ter acesso ao resultado, ainda acredito na mente humana. Espero que a minha participação ajude, num futuro próximo;, finaliza.
*Nomes fictícios