Familiares e amigos de Carlos Eduardo Marano Rocha, conhecido como Dudu, 41 anos, reuniram-se, na tarde de ontem, para se despedir do advogado. O morador do Noroeste foi sepultado no Cemitério Campo da Esperança, sem possibilidade de velório. O homem estava desaparecido desde o último sábado, quando caiu no Lago Paranoá, em festa privada realizada em duas embarcações. O corpo foi localizado na terça-feira, submerso e próximo ao Clube Cota Mil. Laudo preliminar do Instituto de Medicina Legal (IML) indica morte por afogamento.
O corpo de Dudu chegou ao local do sepultamento por volta das 17h, causando comoção entre os presentes, sobretudo, à mãe de Carlos Eduardo. Por causa da pandemia, assim como pela possibilidade de o advogado ter se exposto à covid-19, o caixão precisou ser lacrado. “Por favor, deixa eu ver o meu filho pela última vez. Eu só quero poder me despedir dele”, pediu Sandra Maria Marano Rocha.
A cerimônia foi breve. Durou cerca de 40 minutos. Cerca de 60 pessoas participaram do sepultamento, marcado por forte comoção, cânticos evangélicos e orações. “O Dudu era o divertido da turma, sempre nos recebendo com sorriso no rosto e os braços abertos. Quando chegava a qualquer lugar, tornava-se o centro das atenções, pois se destacava. Era uma pessoa de coração bom e amoroso, que fará muita falta a todos”, contou a arquiteta Carolina Nathair, 41, amiga de infância do advogado.
Carlos Eduardo nasceu em lar evangélico e congregava na Igreja Batista Capital. Apesar de ter se distanciado da religião nos últimos dois anos, não deixava de ir ao templo, assim como a ajudar em ações sociais. No fim de 2019, participou da entrega de cestas básicas a pessoas em situação de rua. “O Dudu cresceu na igreja, mas não esquecia os ensinamentos. Diariamente, falava à família e aos mais próximos o quanto nos amava”, acrescentou Carolina.
O pastor Hércio Fonsêca de Araújo, da Igreja Batista do Lago Norte, encerrou o enterro do advogado com uma oração de conforto aos familiares e amigos de Carlos Eduardo. “Nesse momento de dor, falta-nos esperança. Mas que possamos lembrar que a nossa esperança vive em Cristo. Que Deus console e seja o refúgio nesse momento de extrema dor. Na hora da angústia, olhemos para o alto, na certeza de que todos nos encontraremos no céu”, declarou.
Investigação
De acordo com o delegado Bruno Dias, adjunto da 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul), os 12 participantes da festa particular prestaram depoimento — todos confirmaram a ingestão de bebidas alcoólicas —, além de um familiar de Carlos Eduardo. Houve a solicitação de exames periciais no celular do advogado e nas embarcações ao Instituto de Criminalística (IC). O IML ficará responsável por determinar a causa da morte. “Desde o início, a linha de investigação é de afogamento, por ter sido o relato de todos os envolvidos. Não identificamos quaisquer elementos que nos fizessem duvidar das versões prestadas pelas testemunhas. O exame inicial do perito médico legista indicou que não há sinais no corpo do advogado senão os típicos em casos de afogamento”, detalhou.
Por fim, o delegado sinalizou que, agora, “serão aguardados os resultados das análises dos institutos, que foram solicitados em caráter de urgência. No mais, ainda seguimos na linha de afogamento, até que algo nos indique que devemos mudar a apuração do caso. As investigações prosseguem.”