Correio Braziliense
postado em 04/08/2020 06:00
As circunstâncias por trás do desaparecimento do advogado Carlos Eduardo Marano Rocha, de 41 anos, continuam um mistério para familiares e amigos. O homem estava em uma lancha no Lago Paranoá, próximo ao Clube Cota Mil, no Setor de Clubes Sul, no sábado, quando teria caído na água. Até à noite de ontem, o corpo da vítima não havia sido encontrado durante as buscas do Corpo de Bombeiros. A 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) apura o caso.
Carlos Eduardo participou de uma festa privada, com mais 12 pessoas, em duas embarcações. Vídeos mostram o advogado aproveitando o evento na companhia dos presentes, que conversavam e bebiam. Por volta das 18h30, o grupo percebeu que o advogado havia sumido, como explica uma mulher que estava no local. “Ele estava sentado na parte de atrás, com os pés em cima do banco de couro, onde eu estava. Saí para mexer no meu celular e, quando voltei, em questão de minutos, todos se perguntavam pelo Dudu”, relatou, sob condição de anonimato.
“Então, procuramos por ele. Olhamos o banheiro de uma das lanchas, mas ele não estava lá. Procuramos no outro sanitário, e nada. Foi quando vimos o boné dele boiando, na água. Um dos homens que estavam no local chegou a pular no Lago Paranoá e a procurar pelo Dudu, mas nada. Começou a escurecer, eu disse para continuarmos ali, mas simplesmente saíram”, contou.
O Corpo de Bombeiros começou as buscas às 18h53, mas suspenderam a operação ao anoitecer. Ontem, foi o terceiro dia de procura pelo advogado, mas segundo o capitão Daniel Oliveira, as equipes têm encontrado dificuldades. “Como ninguém viu onde ocorreu o acidente, a nossa área de busca é muito vasta. Cinco embarcações vasculham a superfície para tentarmos encontrar alguma pista. Só com uma localização aproximada é que os mergulhadores poderão submergir”, explicou.
Questionamentos
Inicialmente, o caso foi registrado na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul — Central de Flagrante), ainda no sábado, mas foi encaminhada para apuração na 10ª DP (Lago Sul). Seis dos 12 participantes do evento estiveram na unidade policial e prestaram esclarecimentos até o fechamento desta edição. Todos afirmaram não ter visto Carlos Eduardo cair ou pular no Lago Paranoá.
Familiares do advogado também estiveram na unidade para entregar o celular e a carteira de Carlos Eduardo, encontrados na embarcação. Os objetos passarão por perícia do Instituto de Criminalística (IC), sendo que o aparelho telefônico poderá auxiliar com dados para as buscas. As oitivas com os integrantes da festa continuam hoje.
Familiares vivem angústia
Pelo terceiro dia sem respostas, a família de Carlos Eduardo acompanhou a operação de busca realizada pelos bombeiros. De acordo com o administrador Leonardo Albuquerque, 42, cunhado do advogado, o momento de incerteza gera “imensa angústia para a família. O que estamos passando é extremamente doloroso, mas não termos uma resposta é ainda mais difícil.”
Leonardo e a irmã da vítima chegaram do Rio de Janeiro ao Distrito Federal no domingo, para auxiliar e apoiar os pais do advogado. “Eles estão desolados. Claro que temos a esperança de encontrá-lo vivo e, a cada hora que passa, a agonia é cada vez maior. Nossa vontade é que os bombeiros consigam fazer o trabalho deles e, se não encontrado um corpo, que seja possível indicar que o Dudu não está no Lago Paranoá”, disse.
Dúvidas
Ainda segundo Leonardo, uma publicação de Carlos Eduardo no dia do desaparecimento gerou surpresa aos familiares. Vídeos feitos no sábado mostram o advogado com uma roupa e, em uma publicação do Instagram, feita na tarde do desaparecimento, ele veste um traje diferente.
“Entramos em contato com a pessoa que tirou essa fotografia postada pelo Dudu e ela afirmou que o clique foi realizado uma semana antes. Isso, sem dúvidas, nos deixou surpresos, sobretudo porque ele sumiu em meio a 12 pessoas e ninguém viu nada. Claro que não entrarei no mérito policial e investigativo, mas esperamos que tudo seja averiguado”, destaca.
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