O Distrito Federal perdeu, ontem, um dos primeiros moradores e empresários da capital. Alberto Fernandes, 88 anos, era o fundador da Beiramar Imóveis e se instalou na capital antes da inauguração, em 1959. Um ano depois, ele abriu uma joalheria na Cidade Livre, dando início a um negócio que seria sinônimo de sucesso. Fernandes estava internado em um hospital particular após infecção pelo novo coronavírus. Ele chegou a se curar, mas morreu na madrugada de domingo por conta das complicações decorrentes da doença. Além das marcas do empreendedorismo, Fernandes ainda deixa lembranças como bom pai de dois filhos, marido companheiro e referência para amigos.
Nascido em São João dos Patos, no Maranhão, o empresário começou a trabalhar ainda na adolescência, quando viajou para Xambioá, em Goiás, para prestar serviços em um garimpo de cristais. Foi no estado vizinho ao DF que ele identificou a vocação para os negócios e a força para driblar as adversidades, pois chegou a contrair malária e se curar da enfermidade. Para dar início ao próprio negócio, Fernandes comprou todas as peças de um revendedor de joias goiano e peregrinou por oito cidades do Norte e do Nordeste do país, com passagens até fora do Brasil, pela Bolívia. Mas, foi o céu de Brasília, azul e branco como a esperança, que chamou mais a atenção do homem de sonhos.
Ele quase perdeu toda a mercadoria da joalheria da Cidade Livre em um incêndio, mas não desistiu. Reinventou-se e abriu a primeira ótica e joalheria de Brasília, na tradicional quadra 108 Sul. Também investiu em uma fábrica de embalagens de papel, mas vendeu o terreno para fundar, com a esposa, Marimir Colares Fernandes, a Beiramar Imóveis, em 1981, uma das maiores imobiliárias do DF. O nome faz referência a uma conversa que o pioneiro teve com um amigo sobre Brasília, quando os dois concordaram que a capital tinha tudo o que era preciso em uma boa cidade para se morar. “Só faltava mar”, costumava dizer.
O empreendimento carrega não só a história profissional de Fernandes como as relações pessoais, pois o negócio era dividido entre ele, a esposa e os dois filhos, cada um com 25% da empresa. O velório ocorreu ontem, no Cemitério Campo da Esperança, entre 15h e 17h. A cerimônia contou apenas com a presença de familiares, para evitar aglomerações. O sepultamento foi às 17h30. “Ficam a saudade e as boas recordações de um grande pai, marido e empresário. Um ser humano ímpar, do qual para sempre vamos nos orgulhar”, afirmou Pedro Fernandes, 36, CEO da empresa desde 2005.