Cidades

Justiça manda soltar Pedro

Defesa de suspeito de integrar esquema de tráfico de animais exóticos argumentou que o jovem "prestou todos os esclarecimentos" e colabora com as investigações. Acusado de ocultar 16 serpentes, Gabriel Ribeiro também foi solto na madrugada de ontem



A 3ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) concedeu, na noite de ontem, habeas corpus a Pedro Henrique Krambeck Lehmkul, 22 anos, suspeito de integrar um esquema internacional de tráfico de animais exóticos e silvestres. O suspeito de comprar e vender serpentes prestou depoimento por cerca de três horas, ontem, na 14ª Delegacia de Polícia (Gama), unidade que apura o caso. Gabriel Ribeiro de Moura, 24, amigo dele, também estava detido desde 22 de julho por ocultar provas e atrapalhar as diligências, mas a Justiça revogou a prisão, e ele foi liberado na madrugada de ontem. 

Pedro Henrique estava preso, temporariamente, há quatro dias na Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCC), na carceragem da Polícia Civil. A princípio, ele ficaria detido até amanhã — prazo que vence a prisão temporária. Entretanto, a defesa do jovem entrou com o pedido de habeas corpus. No documento, o qual o Correio teve acesso, o advogado Bruno Rodrigues argumentou que, durante o interrogatório, Pedro “prestou todos os esclarecimentos, firme no propósito de colaborar com as investigações”. 

A defesa acrescentou, ainda, que, após o depoimento, o delegado à frente do caso solicitou a senha do celular do padrasto de Pedro, o tenente-coronel da Polícia Militar Clóvis Eduardo Condi. O pedido teria sido prontamente atendido, o que segundo o advogado, “corrobora o firme propósito do paciente e seus familiares de colaborar com as investigações, conforme já se tem demonstrado”. 

O juiz considerou que Pedro Henrique é paciente primário, com bons antecedentes e residência fixa, e que foi preso durante processo de recuperação (após ser picado pela naja), e em momento no qual já havia manifestado interesse em colaborar com os trabalhos da autoridade policial. 

Depoimento
O estudante de veterinária Pedro Henrique chegou à unidade policial por volta das 11h15 de ontem. O depoimento durou cerca de três horas. O delegado da 14ª DP Willian Ricardo disse apenas que o suspeito “falou bastante coisa”, mas não deu mais detalhes. De acordo com o investigador, o caso ainda está sob investigação e mais informações serão repassadas após a conclusão do inquérito. 

Gabriel Ribeiro de Moura, acusado de deixar a naja próximo ao shopping Pier 21 e por ocultar outras 16 serpentes no Núcleo Rural de Planaltina, também foi liberado da prisão na madrugada de ontem. 

No começo das investigações, durante o interrogatório, ele se manteve em silêncio. Na última quarta-feira, Gabriel prestou novo depoimento à polícia. “Nós fizemos um pedido de revogação na quarta, depois do depoimento dele. Entre as justificativas para a revogação, está a efetiva colaboração”, disse Juliana Malafaia, advogada de defesa. O estudante não precisará cumprir nenhuma medida cautelar. 

Afastamento
O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Distrito Federal (CRMV-DF) afastou, temporariamente, a professora Fabiana Volkweis, da faculdade Uniceplac, no Gama, da Câmara Técnica de Pequenos Animais. A decisão veio após conversas por WhatsApp sugerirem que a docente sabia que os jovens suspeitos de participação em esquema internacional de tráfico de animais exóticos e silvestres, estudantes da instituição, mantinham cobras em cativeiro, inclusive as peçonhentas. Fabiana também é investigada pela Polícia Civil por participação no esquema ilegal.  

Ao interlocutor, Fabiana escreve: “Pega as outras cobras venenosas e soltem no mato as que forem nativas daqui”. E continua: “Só gelei pensando naquela jararaca. Vocês está junto? (sic)”. O interlocutor responde: “Não eu não tenho nenhuma serpente mais”. A jararaca é uma espécie de cobra venenosa, nativa do Brasil.

De acordo com o CRMV-DF, o afastamento é temporário, uma vez que vai esperar a conclusão do inquérito. “Temos que aguardar a apuração policial esclarecendo o que cada um fez. Se ficar comprovado algo em relação à professora, veremos a necessidade de abrir um processo ético”, ressaltou, em nota.

A professora foi ouvida pela polícia na semana passada. Ela integra a Câmara Técnica desde novembro de 2019, segundo a Portaria CRMV-DF N° 44, e estava no cargo até agora. Até o fechamento desta edição, a reportagem não conseguiu localizar a defesa da docente. O espaço permanece aberto para manifestações.