Cidades

Aplicativo ajudará vítimas de abuso cometido por religiosos a denunciarem

Rede de apoio Nossas Histórias Curam conta com profissionais em todo país e é sediada em Brasília

Mulheres, jovens e crianças vítimas de abusos sexuais cometidos por religiosos, em especial da igreja evangélica, contarão com um novo canal de denúncias a partir deste sábado. O aplicativo Nossas Histórias Curam está disponível nas lojas digitais -- tanto para Android quanto para iOS - e será lançado em uma live neste sábado (1º/8) às 14h. 

Por meio da plataforma, o usuário poderá relatar abuso ou assédio sexual sofrido por ele ou outros, anexar fotos e enviar provas. Todas as denúncias serão analisadas e encaminhadas à autoridade policial ou ao Ministério Público, a depender do caso. O projeto tem cerca de 80 profissionais trabalhando em rede para prestar atendimento psicológico, físico e jurídico às vítimas.  

O fundador e coordenador do projeto, pastor Anderson Silva, explica que a medida tem o objetivo de ajudar as pessoas violentadas e confrontar o descaso das estruturas religiosas no enfrentamento à violência sexual. “Um pastor é um doador de vidas, não um destruidor de vidas. O grande problema é a fala da religião que prega que se ele cometeu um pecado, ele merece perdão, mas a igreja não pode reduzir um crime a um pecado. A igreja não tem uma teologia do abuso sexual, parece que não se alcança esse fato de que não é só um pecado, é um crime”, frisou. 

O pastor incentiva a denúncia sob todas as hipóteses e diz que, em muitos casos, há um certo protecionismo da igreja para garantir as estruturas já conhecidas pela sociedade. “A denúncia é um ato de amor a todos os envolvidos, inclusive ao abusador, porque, se ele tem uma tendência, uma doença, ele só vai conseguir ser tratado se ele for parado, se ele for denunciado.” 



O projeto existe há três anos e, segundo contou o pastor Anderson Silva, já ajudou a colocar abusadores atrás das grades em diversas localidades do país. Além disso, auxiliou na promoção da qualidade de vida e recuperação de pessoas violentadas, após tratamento psicológico, atendimento esportivo e religioso. 
 
A transmissão de lançamento do aplicativo contará com banda de música cristã e uma conversa com três mulheres que foram abusadas pelo pai e pastor, sem nunca terem sido acolhidas pela igreja.