O lobo-guará, animal símbolo da fauna do cerrado e espécie ameaçada, terá sua imagem estampada na nova cédula da família Real. A nota de R$ 200 deve começar a ser produzida em agosto e pode ajudar a refletir sobre a possível extinção da espécie.
A escolha do lobo-guará ocorreu por meio de votação popular realizada pelo Banco Central do Brasil (BCB) em 2001. À época, foram selecionados os animais que iriam compor a nova família do real: a tartaruga-marinha, que foi para a nota de R$ 2, e o mico-leão-dourado, que estampa a nota de R$ 20. Além de estarem presentes nas cédulas de dinheiro, os três animais são espécies ameaçadas de extinção.
Filipe Reis, diretor de mamíferos da Fundação Zoológico de Brasília, pondera que a inclusão da imagem do lobo-guará nas cédulas pode aproximar as pessoas do animal e levá-las a buscar mais conhecimento sobre a espécie. “Vai ser importante a imagem do lobo guará na cédula de R$ 200 para que as pessoas conheçam melhor a espécie, isso não só no cerrado, mas em todo o Brasil e até no exterior, e com isso a gente aproveita essa oportunidade para falar sobre as causas de ameaça e buscar soluções que minimizem os impactos nessa espécie."
Ele considera que o animal está ameaçado de extinção pelos frequentes conflitos com o homem e a espécie. Para ajudar na preservação do animal, o Zoológico atua na conservação do lobo-guará. Nos próximos dias, cinco lobinhos, filhotes órfãos que foram acolhidos pela Fundação, serão devolvidos ao seu habitat.
Os lobinhos foram resgatados em uma fazenda localizada na divisa da Bahia com goiás e Minas Gerias. A mãe dos animais era monitorada por um projeto de pesquisa e foi encontrada morta com os filhotes de aproximadamente 23 dias. Os animais chegaram ao Zoológico de Brasília em janeiro deste ano.
Segundo explicou o diretor de mamíferos do Zoológico, os animais devem ser soltos em três regiões distintas, sendo uma próximo à toca onde nasceram; outros na Bahia, e ainda no Distrito Federal, todos em área de cerrado. Os animais serão monitorados e a reinserção dos animais. “A gente vem dando toda assistência necessária para que eles continuem com os comportamentos necessários para que sejam soltos. E a ideia é que, com a essa soltura, a gente aprenda mais com a técnica de reintrodução do lobo-guará. Eles serão monitorados para garantir que eles vão ficar bem e pra gente observar as dificuldades que eles podem vir a ter”, disse Felipe Res.
O lobo-guará é um mamífero que, enquanto adulto pode passar de 1,20m. Com pernas finas, pesa entre 20 e 30 quilos aproximadamente. Enquanto pequenos, parecem um filhote de estimação, de tão fofos, mas não devem ser retirados da natureza, como alerta o biólogo. “Os lobos não são animais domésticos, são animais silvestres importantes para o equilíbrio da fauna na região. São preparadores, se alimentam de vários frutos, sendo responsável pela dispersão de suas semenstes, então, é muito importante que a gente proteja o lobo-guará e que ele esteja com uma população saudável no futuro para que todo o bioma seja também saudável."
Lobo-Guará no Cruzeiro
Esta não é a primeira vez que o lobo-guará vai parar no dinheiro brasileiro. Em dezembro de 1993 e setembro de 1994 a nota de 100 Cruzeiros Reais tinha a imagem do mamífero. De acordo com o BCB, foram foram produzidas 90 milhões de unidades da moeda.
A nova cédula de R$ 200
O Banco Central do Brasil (BCB) anunciou nesta quarta-feira (29) que o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou a criação de uma nova cédula de dinheiro no valor de R$ 200. A previsão é que a nova cédula comece a ser confeccionada em agosto.
Segundo informou o BCB, a decisão visa atender o aumento da demanda de dinheiro espécie, percebido durante a pandemia. “Com a produção da nova cédula, o Banco Central atua preventivamente para o caso da população demandar ainda mais dinheiro em espécie. A quantidade de dinheiro em circulação é adequada e não há falta de numerário. Não sabemos, no entanto, por quanto tempo os efeitos do entesouramento trazidos pela pandemia podem perdurar. Como o dinheiro ainda é base de nossas transações, entendemos que o momento é oportuno para o lançamento da nova cédula”, afirmou a diretora de Administração do Banco Central, Carolina Barros.