Correio Braziliense
postado em 23/07/2020 17:00
A pandemia da covid-19 trouxe uma nova realidade com preocupações constantes com higiene e uso intensivo de produtos como o álcool em gel. O que antes era uma higienização comum, agora se tornou um método de proteção contra o vírus, mas é preciso ter um cuidado especial com os produtos de limpeza, principalmente com as crianças: o uso incorreto pode causar problemas.
A depender do item de higienização, ao usar o produto os olhos precisam receber proteção para se evitar possíveis transtornos. Os acidentes oculares mais comuns são os traumas, causados por batidas e pancadas acidentais. Cerca de 15% do atendimento relacionado a traumas é consequência de queimaduras química, causadas por produtos de limpeza, de acordo com Patrick Tzelikis, oftalmologista e especialista em córnea do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB). Ele destaca que aumentou o número de atendimentos desde o início da pandemia.
O especialista comenta que é necessário prestar atenção ao usar produtos de limpeza. “Os itens que levam soda cáustica podem ser perigosos caso entrem em contato com a superfície ocular. Hoje, o álcool está um pouco mais presente por conta da pandemia, então todo mundo anda com um frasco, e se respingar no olho pode acabar causando queimaduras”, destaca.
Quem mais sofre acidentes oculares por queimaduras são as crianças. “Isso acontece mais pelo desconhecimento, acabam achando que é algo para brincar, e muitas vezes o item pode estar em um lugar exposto e a criança pegar, colocando-a em risco”, aponta o especialista.
Saiba Mais
Para fazer a limpeza é preciso abrir bem os olhos e deixar a água corrente ou o soro limpar a região. Também é preciso que o globo ocular se movimente ou fique piscando, como salienta Patrick.
Cuidados especiais
Quem usa lentes de contato precisa ter ainda mais cuidado.“Por colocar mais vezes o dedo no olho, as pessoas que usam as lentes têm um risco um pouco maior porque, obrigatoriamente, vão manipular mais os olhos. Então, se estiver com a mão contaminada ou com produto tóxico, o risco é maior”, diz o especialista. Vale ressaltar que o uso da lente não implica um dano mais severo em caso de acidente.
Em quadros de alergia, como é o caso da rinite, Patrick orienta o paciente a procurar um especialista da área, “Há possibilidade da pessoa utilizar um colírio que irá proteger em lugares que têm pó, ácaros, e pode pingar preventivamente. Ou ainda fazer uma compressa gelada, que alivia a coceira. O importante é evitar esfregar os olhos”, adverte o oftalmologista.
Um outro problema é causado pela sensibilidade dos olhos em exposição à luz. O estudante Alexandre de Oliveira, 21, tem esse problema. “Não preciso usar óculos, enxergo bem, mas sempre que vejo uma luz forte meus olhos ardem e lacrimejam, acabo precisando coçar”, diz.
O oftalmologista Douglas Pigosso explicou que é necessário fazer uma avaliação para detectar um possível problema. “Pode ser uma oleosidade nos cílios e com a baixa umidade, pode acabar piorando”, comentou.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF) informou que, de janeiro a junho deste ano, foram realizadas 2.342 cirurgias eletivas oftalmológicas. Foram elas: 552 casos de catarata, 1369 retina, seis transplantes de córnea, 227 pterígio, 20 glaucoma, 150 plástica ocular, 18 estrabismo.
* Estagiário sob supervisão de Nahima Maciel
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