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Saiba por que ditador paraguaio que será exumado foi enterrado em Brasília

Ele está enterrado no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul

Por determinação da 2º Vara da Família da Justiça do Distrito Federal, o corpo do ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner (1912-2006) será exumado para a realização de um exame de DNA. Ele está enterrado no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. A ação foi movida por Enrique Alfredo Fleitas que se diz filho de Stroessner. A Justiça autorizou o procedimento depois que a única herdeira viva de Stroessner, a filha Graciela Concepción Stroessner, 74 anos, que mora no Paraguai, autorizou a exumação.

A administração do Cemitério Campo da Esperança informou ao Correio que não é parte da ação e que ainda não foi notificada da decisão. Acrescentou que, “em processos de exumação de paternidade, normalmente, a coleta do material é responsabilidade da Polícia Civil, e não a concessionária” e caberá ao cemitério apenas indicar a localização do corpo. A Polícia Civil do Distrito Federal foi procurada, mas, até o fechamento desta edição, não respondeu sobre a realização do procedimento.

O ex-ditador Alfredo Stroessner foi acusado de ferir direitos humanos durante o seu governo. Ele teria sido responsável por milhares de torturas, estupros e assassinatos. Durante o regime ditatorial no Paraguai, entre 1954 e 1989, o mais longevo da América do Sul, cerca de 18 mil pessoas foram torturadas e cerca de 900 desapareceram. Ao conseguir asilo político em Brasília, a Justiça do Paraguai tentou extraditá-lo várias vezes, mas sem sucesso. Stroessner viveu 17 anos em Brasília.

Seis meses após a morte da mulher, Ligia, Stroessner teve uma pneumonia e morreu aos 93 anos, depois de dois dias na unidade de terapia intensiva (UTI) de um hospital particular de Brasília. O militar teve complicações após uma cirurgia de hérnia e morreu às 11h20 de 16 de agosto de 2006. A família decidiu enterrá-lo em Brasília, pois o governo paraguaio informou que ele não receberia honrarias por ser foragido da Justiça daquele país.

“Estadista”

Em fevereiro deste ano, o presidente Jair Bolsonaro elogiou publicamente Alfredo Stroessner. A declaração foi dada durante a posse de Joaquim Silva e Luna como diretor-geral da usina de Itaipu, do lado brasileiro. Bolsonaro estava acompanhando de Mario Abdo Benitéz, presidente do Paraguai e filho do ex-secretário particular de Alfredo Stroessner. À época, Bolsonaro disse que a usina de Itaipu só deu certo “porque do outro lado havia um homem com visão, um estadista que sabia perfeitamente que seu país, o Paraguai, só poderia continuar progredindo se tivesse energia. Então, aqui está minha homenagem ao nosso general Alfredo Stroessner”.