As pesquisas da UnB fazem parte de um estudo coordenado pelo Instituto Butantan, em São Paulo, que recebeu cerca de 20 mil doses da vacina na noite de segunda-feira. A universidade informou adéqua o laboratório do Hospital Universitário de Brasília (HUB) para receber as doses. Vacinas precisam ficar em salas frias, com temperaturas específicas para a composição de cada uma. Além disso, Walter Ramalho, professor de epidemiologia da UnB, acredita que a maior preocupação é com a segurança do material. “Além do ambiente adequado, precisamos pensar em como evitar vandalismos e possíveis furtos devido à importância do item”, explica.
A vacina chinesa é inativada, ou seja, incapaz de causar a doença, e aplicada em duas doses, com o intervalo de 14 dias. Segundo o professor, após a aplicação das doses, os pesquisadores observarão a produção de anticorpos nos voluntários e verificarão se a vacina cumpre o propósito. “O nosso sistema imunológico produz células de resposta ao vírus, conhecidas como anticorpos. Depois da dose da vacina, é preciso observar a quantidade de anticorpos que cada voluntário produzirá e a resposta do corpo ao agente externo”, explica Walter.
O estudo da UnB é coordenado pelo professor Gustavo Romero, pesquisador do Núcleo de Medicina Tropical da universidade, e conta com a parceria do Setor de Gestão da Pesquisa e Inovação Tecnológica do HUB. Segundo Gustavo, a pesquisa prevê o acompanhamento dos participantes por um ano após a vacinação. “Fazemos uma comparação do número de casos de infecção pelo coronavírus vista ao longo do período de observação entre o grupo dos participantes vacinados e o grupo dos participantes que receberam placebo. Em poucas palavras, por meio do número de infecções que a vacina consegue evitar no grupo dos participantes vacinados”, detalha. “Os detalhes sobre o desenvolvimento do protocolo serão divulgados oportunamente, assim que se tenha a data de início da inclusão de participantes no estudo”, acrescenta.
Perfil dos voluntários
Os pesquisadores da UnB aplicarão as doses em 850 profissionais de saúde de Brasília. É preciso que os candidatos tenham mais de 18 anos, estejam saudáveis e que não tenham sofrido infecção assintomática ou a doença causada pelo novo coronavírus, além de estarem no atendimento direto a pacientes com a covid-19. As mulheres não podem estar grávidas ou planejarem uma gravidez nos próximos três meses. Os candidatos também não podem ter doenças instáveis ou que precisem de medicações que possam alterar a resposta do sistema imunológico.
Segundo a UnB, não há uma data certa para a chegada das doses a Brasília. Quando o HUB estiver em condições de receber e armazenar o material, a instituição anunciará a forma de cadastramento de possíveis candidatos a participarem da pesquisa.