O jovem é suspeito de participar de um esquema de tráfico de animais. Outra hipótese é de que eles estariam promovendo pesquisas clandestinas com animais exóticos. Nesta quinta-feira (16/7), a mãe dele, Rose, e o padrasto, o tenente-coronel Eduardo Conde, estiveram na delegacia e permaneceram lá por mais de quatro horas. Os depoimentos são cruciais para o andamento das investigações.
Contudo, muitas questões ainda precisam ser respondidas, como a origem da naja e das outras 16 serpentes encontradas em uma chácara no Núcleo Rural de Planaltina, além da relação entre os tubarões encontrados na Colônia Agrícola Samambaia, em Vicente Pires.
Nesta sexta-feira (17/7), o Ibama informou que abriu processo administrativo para apurar suposto envolvimento de servidor do Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetas) no caso.
Apuração
As investigações, no entanto, seguem em sigilo, na 14ª Delegacia de Polícia. O delegado Willian Ricardo afirmou que só se manifestará após a conclusão das diligências.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) multou Pedro Henrique em R$ 61 mil por maus-tratos e por manter serpentes nativas e exóticas em cativeiro sem autorização. A mãe e o padrasto terão de pagar R$ 8,5 mil, cada um, por terem dificultado a ação de resgate. O advogado da família também esteve na 14ª DP e saiu sem falar com a imprensa e sem dizer o nome.
Outro ponto a ser investigado pela polícia é se o caso dos tubarões tem relação com Pedro Henrique. O proprietário do imóvel no qual foram encontrados três tubarões, da espécie bambu, oriunda de países da Oceania, em uma chácara na Colônia Agrícola Samambaia, em Vicente Pires, afirmou à polícia que comprou o ovo de um dos peixes em uma loja de animais exóticos.
A casa abrigava, ainda, seis serpentes (duas jiboias arco-íris; duas pítons, da Ásia; e duas jiboias de Madagascar, da África), um lagarto teiú e um peixe moreia. O rapaz foi multado em R$ 39 mil.
Risco no tráfico de animais
Relatório Mundial sobre Crimes da Vida Selvagem, lançado em 10 de julho pela Organização das Nações Unidas (ONU), enfatiza a ameaça que o tráfico de animais silvestres representa para a natureza e a biodiversidade do planeta. Entre as consequências, está o aumento do potencial para a transmissão de doenças zoonóticas (causadas por patógenos que se espalham de animais para humanos). Essas doenças representam até 75% de todas as doenças infecciosas emergentes, incluindo a Sars-Cov-2, que causou a pandemia do novo coronavírus.
Entre janeiro e julho deste ano, o Batalhão da Polícia Militar Ambiental (BPMA) apreendeu 1.402 animais silvestres no DF.