O caso veio à tona na tarde de quarta-feira (14/7), após a reportagem conversar com uma das vítimas da acusada, uma lojista do Distrito Federal, que perdeu R$ 82 mil. A mulher procurou a 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro) para registrar o boletim de ocorrência, e está em contato com agentes de São Paulo. Duas semanas após transferir as quantias para uma agência bancária da Lapa, no estado do Sudeste, foi possível recuperar apenas R$ 1,5 mil do montante enviado para a Cigana Milena.
As demais vítimas da Cigana Milena são residentes de São Paulo, Rio Grande do Sul, Tocantins e Maranhão. Os valores transferidos para a suspeita ultrapassam R$ 200 mil. Apenas uma das jovens depositou R$ 110 mil para a investigada. Parte das mulheres contrataram advogados para acompanhar as investigações e buscar uma resposta junto à Polícia Civil. A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo e aguarda retorno. A acusada também foi procurada para comentar o caso, mas não obteve resposta.
Compromisso com a espiritualidade
Em entrevista ao Correio, o presidente da Federação de Umbanda e Candomblé de Brasília e Entorno esclareceu que é preciso ter cuidado com pessoas que oferecem trabalhos espirituais pela internet. “Para ser um sacerdote ou sacerdotisa, não basta se autointitular. São anos de preparação para se tornar um pai ou mãe de Santo, não é algo que ocorre do dia para a noite”, frisa Rafael Moreira.
Ainda, o representante afirma que “consultorio espiritual" não é terreiro de Umbanda e Candomblé. "Nossos sacerdotes e sacerdotisas, que são pais e mães de santo, têm casas, o ilê, os conhecidos terreiros. Por isso, pedimos a quem procura um atendimento espiritual que busque a Federação, que indicaremos terreiros que têm o verdadeiro compromisso com o espiritual. É muito prático alugar uma sala no Setor Comercial Sul, por exemplo, fechar e mudar de novo, após realizar os golpes. O terreiro, não. Eles ficam ali no terreno, onde são plantados os axés e é feito toda a sua firmeza, tanto de Orixá, quanto de entidades da Umbanda”. explica Rafael.
Ele também destaca que a Federação de Brasília e Entorno está à disposição das vítimas de estelionato. “Nós repudiamos os atos da Cigana Milena, que tirou dinheiro dessas mulheres afirmando que faria o benzimento dos valores. Nós não concordamos com essa prática. Isso não é religião. Ela se diz ser de religião afro brasileira, de matriz africana, mas mãe e pai de Santo não atua dessa forma. Essa mulher não é sacerdotisa, é uma pessoa que se utiliza da boa fé de terceiros para conseguir dinheiro”, lamenta.
Entidade da Umbanda
A indicação de “cigana” no nome faz referência à entidade que se manifesta na Umbanda, mas também em algumas casas de Candomblé — locais que tratam com seriedade a religiosidade —, e não ao povo cigano.A indicação de “cigana” no nome faz referência à entidade que se manifesta na Umbanda, mas também em algumas casas de Candomblé — locais que tratam com seriedade a religiosidade —, e não ao povo cigano.