Correio Braziliense
postado em 15/07/2020 15:17
O objetivo da campanha nacional Sinal Vermelho é ajudar mulheres em situação de violência doméstica a buscarem socorro nas farmácias de todo o país. As vítimas podem marcar com um batom, ou mesmo caneta vermelha, a letra “X” na palma da mão, sinalizando que está em perigo, e uma balconista ou o dono do estabelecimento ligará para a polícia. Ao todo, 10 mil farmácias e drogarias brasileiras aderiram ao projeto.
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“Foi um desafio de rede social”, comenta Mayara. “Outras primeiras-damas de estados, como Gracinha Caiado (de Goiás), também tinham feito o convite. Foi um reforço de que eu realmente teria que entrar na campanha. É uma ação de extrema relevância.”
Não à violência
“O símbolo ‘X’ é uma proibição, quer dizer ‘não’ à violência doméstica’, explica Mayara Rocha. “Não necessariamente tem que ter a marca, é só mostrar a mão ao farmacêutico ou balconista que eles já estão treinados para agir nessa situação.”
As campanhas, não apenas da primeira-dama do DF, mas também de órgãos do GDF relacionados ao tema, como as secretarias da Mulher (SM) e de Segurança Pública (SSP) mostram-se importantes.
Todos podem ajudar
No DF, segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP), uma média de 43 mulheres são agredidas diariamente, ou seja, uma a cada 34 minutos. “Toda campanha que ajude no combate à violência contra a mulher é de suma importância para a segurança pública”, defende o secretário de Segurança Pública, Anderson Torres. “Estamos trabalhando para criar protocolos visando o perfeito trâmite dessas informações, em tempo hábil, para que o socorro possa chegar e estancar esse horrendo tipo de violência”.
Para a secretária da Mulher, Ericka Filippelli, o engajamento da sociedade no combate à violência doméstica é fundamental. Em reuniões com representantes da campanha, ela sugeriu a adesão de outros setores do comércio. “O que precisamos é justamente que outros setores se engajem”, destaca. “Estamos à disposição para trabalhar nessa articulação. É uma campanha que vem para somar”.
Mayara Rocha lembra que, quanto mais participantes da sociedade civil estiverem envolvidos, melhor. “Estamos seguindo o modelo do CNJ, mas nada impede de termos a nossa atuação dentro do DF, expandindo para outros estabelecimentos”, afirma. “É uma campanha que tomou uma proporção de divulgação enorme, alertando sobre o que está acontecendo. Os agressores, quando tomam conhecimento desse tipo de ação, se sentem inibidos”.
Delegacia da Mulher
A SSP destacou que 60% das vítimas do Plano Piloto e Entorno têm entre 30 e 49 anos. Uma das principais motivações para os crimes é o ciúme, sendo que 40% dos casais estavam morando juntos e outros 40%, separados. Em 60% dos casos, as ações de violência aconteceram na própria residência. De acordo com o estudo, mais de 80% nunca chegaram a uma delegacia especializada.
“O grande desafio é incentivar as próprias mulheres a denunciar. Acredito que o medo e o preconceito interno, a vergonha de ir até à delegacia, são os principais impedimentos”, alerta Mayara Rocha.
Titular da segunda Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) do DF, inaugurada há um mês em Ceilândia, Adriana Romana ressalta que o problema da violência doméstica não é apenas da mulher agredida e do marido agressor, mas engloba todos em torno desse casal que passa por situação similar – parentes, vizinhos e a comunidade, como um todo.
Responsabilidade social
“Trata-se de uma conscientização, mudança de ideia, e todos nós temos o dever de ajudar essas mulheres; é uma responsabilidade de toda a sociedade”, reforça a delegada. Ceilândia lidera os números de ocorrências por violência doméstica. De 2018 a 2019, aponta a SSP, os casos aumentaram em 13% – 330 ocorrências registradas.
A Deam 2, unidade inaugurada em 16 de junho deste ano na cidade,registrou 390 casos, até a última-terça-feira (14/7), o que dá uma média de 13 atendimentos por dia. Desse montante, mais de 70% são de crimes ocorridos em Ceilândia, sendo 30%, aproximadamente, no Sol Nascente/Pôr do Sol.
“Quase todas essas ocorrências vão virar um inquérito policial”, explica Adriana Romana. “Estamos conseguindo atender todas os flagrantes vinculados à Lei Maria da Penha, buscando um atendimento diferenciado, mais humano.”
Diante dessa situação, o secretário de Segurança Pública não descarta a possibilidade da criação de outras delegacias de atendimento à mulher no DF. “Com a futura reposição do efetivo de policiais civis, serão analisadas novas ações visando atender outras áreas com esse tipo de estrutura”, prevê.
*Com informações da Agência Brasília
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