Cidades

Serpente segue no Zoo de Brasília


A cobra naja está no Zoológico de Brasília desde que foi capturada na noite de quarta-feira, nas proximidades do shopping Pier 21. Ela passou por análise e apresentou altos níveis de estresse. As autoridades ambientais avaliam enviá-la ao Instituto Butantan. De acordo com a veterinária especialista em animais silvestres Júlia Santoucy, toda a movimentação, e até mesmo a picada foram desgastantes para a serpente. “Essa espécie não pica se não for provocada e se sentir ameaçada. Ela gastou energia para produzir e injetar o veneno, e isso, com certeza, a cansou bastante”, explica.

Ainda não se sabe quando a cobra sairá do zoológico e nem para onde será encaminhada, decisão que será tomada pelo Ibama. Para que ela seja levada ao Instituto Butantan, será necessário encontrar a melhor forma de encaminhar o animal. Enquanto isso, ela permanece em observação no Zoo. Carlos Eduardo Nóbrega, diretor de répteis, anfíbios e artrópodes do Zoo explica que a espécie permanece na caixa em que foi encontrada. “Esse animal está em um ambiente desconhecido, então está sentindo vários cheiros e sensações diferentes, que não sentia antes. Enquanto não permanecer em estado tranquilo, a gente ainda vai mantê-lo na caixa.”

O biólogo, especialista em animais silvestres e professor do Centro Universitário de Brasília (Uniceub) Raphael Igor Dias, explica que o cativeiro, de qualquer forma, é uma situação estressante para a cobra. “A única espécie que pode ser domesticada no Brasil é a jiboia e, mesmo ela fazendo parte da fauna brasileira, não se pode apenas pegá-la na natureza e levar para casa. É necessário comprar de um criador que seja autorizado, caso contrário os riscos de acidentes são grandes”, afirma.

Raphael considera que o fato de Pedro ser estudante de veterinária não o qualificava para criar a naja em casa. “Ter um animal desses em casa representa um risco muito grande, tanto para os seres humanos ao redor quanto para a fauna que pode vir a ter contato com uma espécie exótica”, diz. Ele afirma que, caso a cobra viesse a fugir, poderia haver danos para os animais nativos do DF. “Ela seria um predador novo na área e teria confronto com outras espécies. Porém, se ela fosse inserida sozinha no ambiente, não haveria possibilidade de reprodução, logo os danos não seriam os piores possíveis.”