“Vai afetar a respiração, a noção de espaço e tempo, a pessoa perde essa noção e tende a ir para o estado sonolento até para o estado mais sério, e ter complicações mais graves decorrentes do veneno do animal, podendo vir a óbito”, explica o biólogo diretor de répteis e artrópodes do Zoo, Carlos Eduardo Nóbrega.
Carlos diz, também, que não é possível mensurar o tempo que leva para o veneno chegar a matar outros animais ou seres humanos. Tudo dependerá da quantidade de peçonha injetada e do estado prévio da saúde daquela vítima.
De acordo com o biólogo, a espécie brasileira que mais se assemelha ao tipo de veneno e comportamento da naja é a cobra-coral verdadeira. Contudo, ele ressalta que a peçonha da naja tem maior potencial danoso às pessoas. As najas vivem, em média, 15 anos e, na fase adulta, podem chegar a medir até três metros. O biólogo afirma, contudo, que a espécie é tranquila e que só ataca os seres humanos exclusivamente por defesa. “Ela é uma espécie que, se você não mexe com ela, ela é tranquila e vai embora sem maiores problemas. Mas, se ela se sente ameaçada, a primeira reação dela não é atacar, é levantar, erguer o corpo e abrir o capelo”, explica.
De acordo com o diretor, não se deve trazer nenhum animal para o Brasil sem autorização do Ibama e licença de todos os órgãos ambientais. “Isso porque, quando você traz um animal desse, você tem que primeiro trazer o soro”, explica.
Soro antiofídico
O hospital Maria Auxiliadora fez um pedido em caráter emergencial para que o Instituto Butantan, em São Paulo, enviasse o soro antiofídico para Brasília. O Instituto Butantan ressalta que, por ser uma espécie exótica, o soro é importado e faz parte de um estoque limitado, voltado para uso dos próprios pesquisadores caso aconteça algum acidente. O Butantan produz soros apenas para espécies encontradas no Brasil.