Cidades

Covid-19: professor da UnB explica como funciona vacina testada no DF

Médico e professor de imunologia médica na Faculdade de Medicina, André Nicola explicou também as dificuldades de se chegar ao tratamento da covid-19. Hoje, duas vacinas estão na fase final dos estudos clínicos

Correio Braziliense
postado em 06/07/2020 17:44
O especialista participou do programa CB.Poder desta segunda-feira (6/7)Foram autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) os ensaios clínicos de fase três de uma possível vacina contra o novo coronavírus no Distrito Federal. Em entrevista ao programa CB.Poder - parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília -, o médico e professor de imunologia médica na Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB) André Nicola explicou as dificuldades enfrentadas pela comunidade científica para se chegar a um tratamento eficaz da doença.

O especialista ressaltou que há maior dificuldade no tratamento com o vírus, uma vez que são partículas minúsculas que usam partes das células humanas. “Temos de 20 a 25 genes enquanto os vírus têm cerca de dez, doze. A maioria das coisas que eles usam são das nossas células, ou seja, é muito difícil agir contra o vírus sem matar o indivíduo que ele habita”, reforça. 

De acordo com André, duas das 140 vacinas que estão sendo pesquisadas no mundo são consideradas as mais promissoras. Ambas estão na últma fase de estudos clínicos antes de chegarem ao mercado. “É o que chamamos de fase clínica três. Uma, é a vacina chinesa chamada coronavac, de uma empresa chamada Sinovac. A outra, que foi desenvolvida por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra. As duas estão na última fase de estudos e mais avançadas”, afirma o professor. 

A vacina da empresa chinesa é baseada em tecnologia antiga. Segundo o especialista, eles produzem o vírus que causa a covid-19 em grande quantidade no laboratório e, depois, usam substâncias químicas para matá-lo. Quando morto ou inativado, o vírus é injetado na vacina para poder induzir uma resposta do sistema imune da pessoa. No DF, essa será a vacina aplicada como teste.

A vacina feita pelo grupo de Oxford, usa uma tecnologia mais moderna. “Eles pegaram o vírus que se chama adenovírus, que causa resfriado comum, e modificam geneticamente para carregar, além das proteínas do adenovírus, uma proteína do Sars-Cov-2”, diz André. O vírus, que foi criado em laboratório, é incapaz de se multiplicar fora e a vacina também será testada no brasil. 

Pesquisa com plasma

A UnB tem participado de uma série de projetos e iniciativas relacionadas à covid-19. Coordenador de uma pesquisa que trata do uso do plasma de pacientes recuperados no tratamento, André Nicola afirma que a ideia dessa iniciativa é diferente do uso de vacinas. “A ideia é tirarmos resposta imune de alguém que teve a doença, se curou e sobreviveu para transferi-la para outra pessoa que está doente no hospital com a covid-19. Como fazemos isso? Recrutamos uma série de pessoas que tiveram covid-19 e estão há pelo menos duas semanas sem sintomas, ou seja, se curaram. Isso aconteceu pois o sistema delas montou uma reposta contra o vírus”, diz. 

Para que isso seja possível, o professor ressalta que foi preciso tirar o plasma, parte líquida do sangue. Essa fase foi feita pelo Hemocentro. “Entre as várias coisas que estão lá, há os anticorpos contra o vírus. Então tiramos o plasma de quem está doente e o injetamos na corrente sanguínea de alguém que está no hospital doente. A hipótese é de que esses anticorpos que estamos transferindo vão ajudá-lo a se recuperar”, acredita. 

Assista à íntegra da entrevista:
 
 
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer 

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