A capital do país não é feita só de cartões-postais. Ela vem se tornando um celeiro tecnológico de alta complexidade. Os novos ares provam que Brasília é multifacetada, inclusiva e, sobretudo, conectada. Nesta semana, entre os dias 9 e 11, a cidade sedia a Campus Party Brasília, com uma nova roupagem adequada ao momento delicado da pandemia da covid-19. Nos três dias, uma extensa agenda de atividades ocorrerá de forma ininterrupta, serão palestras e dezenas de experiências virtuais únicas. Tudo pela telinha do computador.
O tema da edição é Reboot the Planet, em tradução livre, “reiniciar o planeta”. Este é o propósito do hackathon do evento, uma maratona conduzida por profissionais, estudantes e pesquisadores, no intuito de criar soluções tecnológicas para determinados problemas. Para reiniciar o planeta, eles terão o olhar direcionado aos 17 Objetivos de Desenvolvimentos Sustentáveis, propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Mais de 50 países integram o time de participantes deste evento digital e gratuito. Todo o conteúdo será disponibilizado em seis palcos. Além do Palco Principal e Global, outros cinco temáticos transmitirão palestras de forma ao vivo e on demand, com fins de arrecadar fundos à ONG internacional dos Médicos Sem Fronteiras.
Experiências
A Campus Party é uma oportunidade de imersão no mundo tecnológico durante os dias do evento. Nas edições presenciais, um espaço de camping era destinado aos participantes que entram de cabeça no futuro, assim como Felipe Maass, 21 anos, que foi a todas as feiras tecnológicas anteriores. “É incrível poder conhecer projetos novos e ver como o mercado de tecnologia de Brasília está em expansão, além do planejamento de uma cidade digital. Não vemos eventos desta magnitude na capital e este, com certeza, foi o embrião de muitas oportunidades”, conta.
O estudante diz dividir-se entre duas paixões: a tecnologia e o direito. “Desde criança, sempre fui fascinado por entender como os aparelhos funcionam. Meus pais são empreendedores da tecnologia, mas também descobri afinidade com o direito. Hoje, alio ambos em um projeto que desenvolvo com amigos que conheci no evento. Quero advogar, mas também pretendo empreender no ramo da tecnologia”, diz Felipe.
Para ele, mergulhar neste universo da Campus é uma experiência completa. “Não são só as palestras, é o ambiente e o contato com pessoas incríveis. O camping proporciona a sensação de estar viajando, mesmo dentro da sua cidade, e respirar tecnologia o dia inteiro, montando computadores ou participando dos hackathons (maratonas de desenvolvimento de ideias). É uma excelente vivência”.
Um dos grandes amigos que Felipe conquistou na feira é Cássio Adriano, 21, estudante de ciência da computação. “Eu fui a todas edições. Na primeira, queria ver projetos robóticos e experiências diferentes, mas acabei percebendo que é muito mais do que isso. O evento me mostrou as possibilidades de mercado e projetos que podem ser adequados à rotina, como drones”, lembra.
Apaixonado pelo mundo dos jogos, Cássio interessou-se pela tecnologia também na infância. “Desde que conheci o PlayStation 2, em 2005, passei a consumir muito conteúdo relacionado a isso. Eu sou um verdadeiro gamer, jogo em todos os tipos de plataformas e estudo bastante, planejo fazer uma especialização em designer de jogos ou, quem sabe, me tornar um streamer (jogador que transmite conteúdo dos jogos em plataformas on-line)”, idealiza o estudante.
Fã do mundo da tecnologia e dos jogos, a estudante de jornalismo Júlia Webster, 21, que deseja se especializar na cobertura geek. “Eu tenho muito interesse pela área, pois eu adoro jogar e descobri que posso construir uma carreira com o jornalismo aliado aos games. Participei de todas as edições da Campus de forma bem intensa, pois fiquei no camping e desfrutei de todas as experiências”.
Júlia construiu amizades e fortaleceu seu desejo de atuar no setor de tecnologia com a feira. “Conheci pessoas incríveis com quem mantenho forte vínculo. Antes da pandemia, nós sempre nos reuníamos. É uma experiência única, existem até muitas piadas internas e que se repetem todos os anos. As pessoas não têm vergonha, é como se todos se conhecessem há anos”, conta a estudante que é frequentadora assídua desta e de outras feiras do setor.
Polo tecnológico
Brasília tem despontado como sede brasileira das iniciativas tecnológicas, a última Campus Party Brasília, em 2019, foi a maior em número de pessoas, desbancando a edição paulistana do mesmo ano. Por meio de iniciativas do Governo do Distrito Federal (GDF), a capital brasiliense tem tudo para evoluir e expandir este valioso mercado.
O secretário da Ciência, Tecnologia e Inovação do DF, Gilvan Máximo, acredita que, em cinco anos, Brasília se tornará o maior polo tecnológico do país. “Estamos desenvolvendo um plano diretor de cidades inteligentes, o segundo do país, além da capital, só Salvador possui algo parecido”, conta o responsável pela pasta.
Além do incremento legal que vem sendo elaborado nas mais variadas frentes de atuação do governo, o Distrito Federal reduziu alíquotas para servir de chamariz aos empresários do setor da tecnologia. “O governador baixou de 5% para 2% o ISS (Imposto sobre Serviço) para os empreendedores do ramo. Ficamos muito tempo na retaguarda, com altas taxas, mas, agora, podemos estimular e desenvolver o nosso polo. O empresário quer saber disso, pagar impostos mais atraentes, não vamos mais perder a nossa frente de trabalho para estados com taxas reduzidas”, afirma Máximo.
Pesquisas e estudos também entram no rol de prioridades da pasta, segundo o secretário. Investir no desenvolvimento de práticas que melhorem a vida dos brasilienses é uma importante estratégia para o desenvolvimento da capital. “Com o advento da pandemia, a secretaria destinou R$ 93 milhões em pesquisas para a UnB e a Fiocruz. A telemedicina é uma prioridade que deve ser perpetuada. Os fluxos de serviço chegarão a todos, e de forma igualitária, é um avanço”.
A tecnologia pode deixar um legado para a saúde pública do DF, e são esses investimentos que garantem a implementação de melhorias no sistema. “Vamos desafogar as filas nos hospitais e dar muito mais celeridade nos atendimentos. Eu mesmo fiz duas teleconsultas durante a quarentena e tive sucesso em ambas. Essa vasta pesquisa começa pela UnB e será implantada com transparência”, garante o secretário.
Para a Campus Party, a expectativa é alta no governo. “Um evento global, que levará o nome da nossa capital ao mundo inteiro. São mais de 50 países participando, além do legado deixado pelo hackathon, cujas soluções serão implementadas aqui. A união de todos os esforços do governo, nos financiamentos de pesquisas, no desenvolvimento de um plano diretor que encerre burocracias, a redução de impostos são todas práticas que vão aquecer e muito o setor da tecnologia na capital”, acredita Máximo.
Campus Party Brasília Digital
Dias
• 9, 10 e 11
Palcos temáticos
• Palco Global; Working Life (emprego e economia); GreenPower (energia limpa e meio ambiente); Living Better (saúde e ciência); Joy of Live (entretenimento digital e criatividade); New Horizons (educação e cidades)
Inscrições
Campus Party Brasil
• A próxima edição nacional ocorrerá em Brasília, no Estádio Nacional de Brasília (Mané Garrincha), entre os dias 2 e 6 dezembro de 2020.