No texto, os pais de alunos da escola destacam que acompanham o caso desde o início, em 30 de janeiro. Nesse dia, Odailton Charles esteve CEF 410 Norte para repassar informações sobre a gestão dele como diretor para a nova chapa. No local, passou mal e precisou ser socorrido Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Ele chegou a enviar áudios para outros professores, afirmando que tinha sido envenenado por uma colega de trabalho, após supostamente ingerir um suco de uva.
Após quase uma semana internado, o ex-diretor morreu no Hran, em 4 de fevereiro. O inquérito era apurado pela 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), na supervisão do delegado-chefe da unidade à época, Laércio Rossetto. Quando o investigador assumiu como titular da Coordenação de Repressão a Homicídios e de Proteção à Pessoa (CHPP), o caso também foi encaminhado para a especializada.
Saiba Mais
Por causa da restrição, o coletivo emitiu uma nota aberta sobre o assunto. “Tomamos conhecimento que as investigações da polícia sobre o caso estariam concluídas e o processo poderia entrar em segredo de justiça, tirando da comunidade escolar essa importante informação. Entendemos que o resultado deve ser aberto para que tenhamos conhecimento sobre a conclusão do caso”, explica o texto.
“Muita apreensão e dúvidas foram geradas aos servidores, professores, estudantes, além dos pais e mães desde a ocorrência do fato. (...) A comunidade escolar precisa saber o resultado das investigações”, finaliza o material.
Caso elucidado
Em cerca de cinco meses, a Polícia Civil realizou um extenso trabalho para montar o quebra-cabeça e, assim, elucidar como o professor Odailton Charles morreu. Peritos da corporação já tinham confirmado o envenenamento pela substância proibida aldicarbe, encontrada em raticidas, como o chumbinho. No entanto, ainda não tinha sido possível comprovar se ele tomou o químico por vontade própria ou ao ser enganado.
À época confirmação de um possível assassinato não ocorreu porque especialistas dos institutos de Medicina Legal (IML) e de Criminalística (IC) não encontraram vestígios de suco de uva nas roupas do educador. Em áudio, ele afirmou que tinha sido envenenado após tomar a bebida oferecida por uma amiga, assim como explicou que iria denunciar um suposto esquema de corrupção da escola.
Sem testemunhas que afirmassem ter visto o professor ingerir o suco de uva, os policiais solicitaram ao menos sete laudos minuciosos para conseguir concluir a investigação e, assim, confirmar se Odailton Charles tirou a própria vida ou foi vítima de homicídio. Segundo o delegado Laércio Rossetto, chefe da CHPP, o caso “está totalmente esclarecido e não restam dúvidas quanto ao que ocorreu. No entanto, só poderemos informar a conclusão da investigação se a Justiça decidir não colocar o processo em sigilo.”
Para chegar a conclusão, foram solicitados os seguintes laudos: reprodução simulada (do dia do envenenamento, com a presença de todos os presentes no dia); cadavérico (para confirmar a causa da morte); perícia criminal em veículo (identificar possíveis resquícios do agrotóxico proibido); toxicológico (comprovar a ingestão do veneno); informática (avaliar o conteúdo dos computadores de todos os envolvidos no inquérito); situação de dados de telefonia celular (também para identificar as pesquisas realizadas pelos envolvidos, assim como para verificar a autenticidade dos áudios enviados pelo educador); e autópsia psicológica (para analisar o perfil do professor).
Só com as provas periciais e com os levantamentos realizados pelos policiais civis é que determinou-se como o professor morreu. Apesar de a corporação ter a resposta do caso que chocou a capital federal e o país, não é possível realizar a divulgação do resultado por causa do pedido de sigilo protocolado no TJDFT.
O inquérito foi concluído e relatado pela autoridade policial (o delegado responsável pelo caso, Laércio Rossetto), e está sendo submetido a análise do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). O órgão decidirá se encaminhará a denúncia à Justiça, que fica responsável tanto pelos trâmites legais, como pela decisão de o processo correr ou não sob sigilo.