Como a questão orçamentária afetou os resultados?
Quando eu assumi, a universidade tinha acabado de ter redução de orçamento de 50%, porque, entre 2015 e 2016, a UnB recebeu recurso do MEC e não usou tudo. Isso é questão de governança. Calhou, também, de, em 2017, vir a PEC do Teto dos Gastos Públicos, que limita o uso do orçamento que arrecadamos. Ainda por cima, em 2018, R$ 70 milhões, que a UnB poderia estar investindo em laboratórios, foram retirados pelo Ministério da Economia para pagar aposentados e pensionistas. Mesmo assim, estamos investindo em publicações, aumentamos a iniciação científica, aumentamos as bolsas internas e aumentamos a qualidade do gasto. Priorizamos recursos para a área fim da universidade, que é ensino, pesquisa e extensão e melhoramos a governança, inclusive, concluindo obras inacabadas. Você não vê mais, na UnB, aqueles esqueletos de obras inacabadas. E o que dói é saber que tinha dinheiro e, mesmo assim, deixou obra inacabada.
E como sua gestão lidou com isso?
Fizemos a melhoria da governança da UnB com o orçamento discricionário (que não considera pagamento de pessoal). Nós tivemos, no período, somando tudo, uma redução de orçamento de 42,9% e, para as unidades acadêmicas, aumentamos o orçamento em 36%. Como? Qual o milagre? Avaliamos todas as despesas, havia um descontrole, contratos fora da realidade. Fizemos um trabalho interno com uma comissão interna para avaliar e propor soluções. Fizemos ajustes difíceis e dramáticos, mas que precisavam ser feitos por uma situação de total descompasso entre despesas e receitas, com gastos que não faziam sentido. Implantamos energia fotovoltaica em todos os campi. Fomos fazendo esse equilíbrio devagar. O primeiro ano foi muito difícil, mesmo assim, tivemos um pequeno aumento no orçamento nas unidades acadêmicos. Este ano, temos uma novidade que é um orçamento específico para a Extensão de R$ 500 mil.
O que tem sido feito para melhorar o resultado da UnB em rankings?
Em 2017, eu fiz uma reunião pública, mostrei como estava a tendência de queda dos rankings e chamei a comunidade para encarar esse desafio de estancar a tendência de quedas pegando vários anos para trás. E nós tínhamos um desafio a mais, pois tínhamos de reverter essa tendência tendo orçamento reduzido. E, agora, começam a aparecer os resultados mais significativos. Para melhorar a reputação acadêmica, investimos muito na internacionalização, tudo de maneira transparente. Fizemos editais de apoio à publicação em revistas internacionais e, também, investimos nas unidades acadêmicas. Quando a gente olha por dentro desses indicadores, a gente vê que cresceu internamente. Agora, a gente tem mais laboratório, e isso vai refletir nos rankings. A UnB tem melhorado, apesar de todos os desafios e todas as reduções orçamentárias (para a universidade e para a área de pesquisa no país inteiro) e tudo isso com inclusão, uma marca da nossa gestão. A gente cuida da comunidade, por exemplo, com todos esses projetos de combate ao coronavírus. Incluímos mais estudantes indígenas, acabamos de aprovar cotas para negros, índios e quilombolas na pós-graduação. A universidade começou a cuidar melhor de sua comunidade e dar condições para ela melhorar academicamente, com uma governança melhor.