O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), apresentou, na noite desta segunda-feira (22/6), queixa-crime contra Renan Silva Sena, 57 anos. O apoiador do presidente Jair Bolsonaro 9sem partido) é acusado de injúria e difamação contra chefe do Executivo local.
De acordo com Cléber Lopes, advogado especialista em direito penal que representa o governador na ação, Renan será citado para responder a acusação. “O juiz vai receber a defesa do acusado, mas como ele confessou o crime no depoimento, acredito que dificilmente será absolvido”, ponderou. "Nós esperamos que seja uma sentença condenatória na medida que estão caracterizados os crimes de injúria e difamação. A liberdade de expressão não pode ser confundida com a autorização para praticar crimes, tem o limite que é a legalidade", concluiu.
Renan foi preso, em 14 de maio, por gravar vídeos xingando o governador de bandito e corrupto e com ataques ao Supremo Tribunal Federal (SFT) e ao Congresso Nacional e liberado após pagamento de fiança. O
Correio flagrou o momento da prisão, no Setor de Indústrias Gráficas (SIG), por agentes à paisana da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), da Polícia Civil do DF.
Na filmagem, os agentes surgem em um carro descaracterizado e abordam o homem. No momento da abordagem, Renan estava acompanhado de um grupo de bolsonaristas. O restante dos membros tenta impedir a ação da polícia. Uma mulher inclusive chegou a ser detida no Complexo da Polícia Civil.
Em 17 de maio, a Justiça concedeu
a quebra de sigilo telefônico do celular do bolsonarista. A informação foi confirmada ao
Correio por uma fonte ligada à Polícia Federal. O aparelho móvel de Renan foi apreendido logo após a prisão dele e, desde então, estava em custódia. A análise do conteúdo pode ajudar em investigações sobre o ataque com fogos de artifício ao STF. Em vídeo, Renan aponta os fogos contra o prédio do Supremo e dispara ameaças.
O ataque, que teve a participação de integrante do grupo 300 do Brasil, liderado por Sara Giromini, mais conhecida como Sara Winter, culminou na exoneração do subcomandante da Polícia Militar, Sérgio Luiz Ferreira de Souza.
A reportagem tentou contato com o advogado de defesa de Renan e aguarda retorno.
Outras acusações
Renan também é acusado de hostilizar e agredir verbalmente enfermeiras que estavam em um protesto silencioso na Praça dos Três Poderes.
Estudantes agredidas durante manifestação pró-governo em 7 de junho, na Esplanada dos Ministérios, também reconheceram Renan como um dos agressores. As jovens passavam de carro, com duas crianças, de 3 e 10 anos, próximo aos manifestantes quando teriam sido atacadas. Ao verem as imagens da prisão do militante bolsonarista, o reconheceram e foram à Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin) acrescentar ao depoimento.