Cidades

Poluição atmosférica e sonora cai no DF durante a pandemia de covid-19

Com o isolamento social a poluição sonora e a poluição atmosférica em Brasília diminuíram

Correio Braziliense
postado em 21/06/2020 07:00
W3 Sul no início do decreto que fechou o comércio na cidade: pausa na poluiçãoÉ difícil pensar em algo positivo quando passamos por num momento difícil por conta da pandemia. Mas há fatos são um alento ao coração de um mundo preocupado com o novo coronavírus. Com o isolamento social a poluição sonora e a poluição atmosférica em Brasília diminuíram.

As pessoas em casa e os comércios parcialmente fechados reduziram a quantidade de veículos nas ruas, vilões do meio ambiente. Augusto Brasil, professor de engenharia ambiental da Universidade de Brasília (UnB), explica que Brasília vem lucrando com a redução de poluentes no ar há 6 anos. “Observando os dados, vemos que há uma tendência de queda desde 2014. E em 2019, essa queda foi ainda mais acentuada”.

O especialista alerta que, apesar de a capital não ter um polo industrial, causador da poluição atmosférica, a configuração natural da região propicia a grande quantidade de fragmentos no ar. “O clima seco do cerrado é naturalmente favorável à grande concentração de particulados poluentes, por causa da sílica que compõe a poeira da cidade, que se agrava com a estiagem”.

A redução de poluentes oriundos das atividades econômicas é importantíssima a uma cidade que sofre com a natureza árida. “Agora, com o início da seca, o material particulado aumenta em todos os anos. Claro, sem a soma dos poluentes dos veículos, sentiremos menos”, destaca.

As peculiaridades do clima seco e empoeirado podem ser danosas àqueles que possuem doenças do trato respiratório, mas Brasília ainda não está no limite do perigoso. “Por exemplo, se compararmos a São Paulo, a nossa qualidade é superior. Eu considero que Brasília esteja em um equilíbrio, pois existe a seca, com alta concentração de material poluente, mas o período de chuva literalmente lava o ar”, diz Augusto.

Alívio

Luan Sousa, 20 anos, tem asma, e a poluição influencia diretamente na qualidade de vida do universitário. “A asma foi diagnosticada desde o meu nascimento e, de lá pra cá, sofro constantemente com crises. Uso o medicamento, a bombinha, em quatro dosagens, são duas pela manhã e duas à noite. Agora, estou usando apenas uma vez antes de dormir”, relata.

A redução dos poluentes no ar foi sentido por Luan. “Logo no início da pandemia, eu até tive algumas crises, mas por causa da mudança de estação. Com o início da seca, já era para sentir problemas, mas, o contrário, estou sentindo melhora. Eu respiro melhor, durmo melhor e me canso bem menos fazendo as atividades que exigem mais esforço. Antes do isolamento, era comum ter bastante falta de ar, posso dizer que reduziu e muito”, comemora.

A redução do vai-e-vem de carros e pessoas na rua também facilitou a vida de Geovanna Alves, 23 anos, que sofre com constantes enxaquecas. “Tenho esse problema há anos, desde a adolescência, na verdade. Estou habituada a carregar dezenas de remédios para onde vou, agora, ficando todo o tempo em casa, pensei que seria um martírio, pois Águas Claras é uma cidade bem barulhenta, mas tive uma grata surpresa e os ruídos estão bem menores”, diz a estudante.

Para ela, o quase silêncio das ruas é bem-vindo por muitos outros motivos. “Além de ser um alívio quando sinto dor de cabeça, minha cachorrinha também fica estressada com os barulhos da rua.. Tem sido um período bem positivo nesse sentido”, conta.

A fonoaudióloga Erica Bacchetti destaca que “o ruído lesa as células nervosas do ouvido, quando estamos expostos por longos períodos, as células vão se cansando até morrer. Não é algo que possa recuperar após este tipo de lesão. A legislação diz que qualquer barulho acima dos 80 decibéis causam problemas à audição”

Os barulhos externos são um problema, mas a falta de atenção em casa também é. “Fones de ouvido são um perigo quando não utilizados da forma correta. A pessoa ao nosso lado não pode ouvir o que estamos ouvindo no fone. A gente precisa ajustar nossos hábitos, como diminuir o volume da televisão, da caixa de som e do fone”, diz a especialista. Ela aconselha a não aumentar o volume dos fones, mesmo que esteja em um ambiente ruidoso, como na rua.

O ouvido trabalha em conjunto com as células nervosas do cérebro, locais com muito barulho estressam as células auditivas e também, a mente. A fonoaudióloga Erica elucida que existe um grande esforço para distinguir os variados ruídos que nos cercam. “O cérebro cansa de separar o barulho daquilo que a gente quer ouvir. Vamos considerar o ambiente de sala de aula, os ruídos externos interferem a voz do professor e a gente está em constante trabalho para discernir um som do outro”.

*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira 


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