Cidades

Família vence a covid-19 depois de um diagnóstico errado disseminar o vírus

A mãe, Amanda Gomes,25, havia sido tratada como dengue pelos médicos. A demora para o diagnóstico acabou trazendo a doença para dentro de casa

“Quarta-feira (17/6) será, sem dúvida, uma data marcante para nossa família. O dia em que recebemos o tão esperado negativo para a covid”, comemora a designer gráfica Amanda Gomes, 25 anos. Tudo começou no dia 25 de maio, quando Amanda começou a sentir dores por todo o corpo, febre, dor de cabeça e dor nos olhos. Após três dias na cama, com dores insuportáveis, ela realizou o teste rápido para a covid-19. Para a surpresa da família, o teste havia dado negativo.
 
Amanda conta que procurou a emergência de um hospital particular do Gama, cidade onde reside, e foi diagnostica com dengue. As dores não passaram e a doença já estava ficando mais grave. Ela começou a ter dores nas costas, perder completamente o paladar e o olfato, além de sentir falta de ar. No entanto, ao retornar ao hospital, o caso continuou sendo tratado como dengue pelos médicos responsáveis.  
 
Com todos os sintomas da covid-19, ela resolveu, por conta própria e com ajuda de amigos, realizar o teste PCR em um laboratório particular. Por causa da incerteza, Amanda não ficou em isolamento dentro de casa e acabou contaminando toda a família, o marido, Daniel Alcântara, e as duas filhas. “Foi aí que o pesadelo começou. Fadiga, falta de ar, uma dor insuportável nos pulmões e fui novamente para a emergência. Meus exames mostraram comprometimento nos pulmões”, conta. 
 
A filha Helena, de apenas dois meses, também apresentou os sintomas, enquanto a mais velha, Valentina, 4, ficou assintomática. “Nada disso foi pior do que ver o rosto da minha filha deformado, inchado e cheio de manchas.  Ela ficou dias sem dormir, só chorando”, lembra.  

Preconceito 

 

Saiba Mais

Além das dificuldades trazidas pela doença, da necessidade de cuidar das duas filhas e da casa, Amanda ainda teve que aprender a conviver com o preconceito das pessoas. Para ela, essa foi uma das coisas que mais machucou durante o período.  
 
“Ficamos 24 dias totalmente isolados, sem contato algum com qualquer pessoa e mesmo depois de 24 dias vivenciamos pessoas com olhares tortos, vi minha filha aos prantos por conta do preconceito alheio, sofremos por conta de pessoas ignorantes que, por puro preconceito, agem de forma estúpida. Sabemos que tornar público a notícia da contaminação gerará ainda mais preconceito e por isso coloco que vencemos a covid-19, mas nunca vamos superar o preconceito”, afirma. 

Lição 

A situação trouxe à tona a importância do isolamento e a realidade da doença para Amanda. Ela conta que aprendeu, de perto, o quanto a doença não deve ser negligenciada pela população. “Há quem diga que é uma simples gripe, inclusive eu era uma dessas, e precisei vivenciar o drama de milhares de pessoas para entender o quanto é sofrido, esgotante e difícil passar por isso tudo”, relata. 
 
“Uma doença devastadora que acaba com a gente dia após dia. Um dia acordava super bem, no outro voltava a falta de ar, a fadiga e as dores. A incerteza nos consumia e não sabíamos se sairíamos ilesos ou se iríamos piorar. Foram dias tensos, porém necessários. Tudo é sofrido, dos sintomas, até a realização do exame, que fere nossas narinas, nos deixou cerca de três dias com incomodads”, completa”. 
 
Ao Correio, Amanda enviou um vídeo com o alerta sobre a covid-19:
 
 
 
 *Estagiária sob supervisão de Nahima Maciel