Na maior parte dos casos, o Samu consegue identificar o acionamento falso antes do deslocamento da equipe. Isso é possível porque os técnicos auxiliares de regulação médica pedem informações sobre o solicitante da chamada e, desse modo, pode-se perceber os dados incoerentes ou inconsistências no endereço disponibilizado. Outro modo de se identificar os trotes é pela própria equipe médica, que observa a falta de detalhamento sobre o estado clínico da vítima.
Se os filtros adotados no momento da ligação não são suficientes, a viatura se desloca até o local indicado pelo solicitante. E, só ao chegar na área é possível identificar que se tratava de um trote. A prática acomete no atendimento de vítimas que realmente precisam do socorro médico, além de gerar um gasto desnecessário dos recursos públicos — como o combustível gasto para o deslocamento.
Apesar do número expressivo de falsos acionamentos dos socorristas neste ano, os dados do Samu indicam que houve uma redução de 63%, se comparado ao mesmo período de 2019, que registrou 26.223 trotes. Para o médico e diretor do Samu, Alexandre Garcia, a queda ocorre pela conscientização da população sobre a importância do serviço, além de entender os prejuízos que uma “brincadeira” como essa pode gerar.
“A valorização do servidor e a sensibilização da população sobre a importância do Samu nesse período também podem ter impactado para reduzir a quantidade de trotes, além da educação cidadã que temos feito para orientar crianças, jovens e adultos”, ressalta.
Vidas salvas
A importância do Samu é percebida no dia a dia, mas a atuação das equipes chamam ainda mais atenção quando colocadas em números. Das 321.066 ligações recebidas neste ano, 319.235 dos chamados resultaram em atendimentos pré-hospitalares, o que corresponde a uma média de seis mil envios de viaturas por mês. Os demais 1.831 casos tratam-se de transferências inter-hospitalares feitas às urgências e emergências por ambulâncias e o helicóptero, entre janeiro e maio.
O diretor do Samu destaca que os números mostram que os serviços continuam sem problemas, mesmo durante o período de pandemia. Ele aponta que a quantidade de transferências inter-hospitalares tem aumentado nos últimos meses, principalmente depois que a Secretaria de Saúde abriu mais leitos para atender pacientes com a covid-19 no Distrito Federal. O ano começou com 342 transportes feitos, mas aumentou para 449 em maio, 64 deles somente para atender casos de coronavírus.
“Com a abertura de mais leitos para coronavírus, temos feito muito mais transportes de pacientes do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) para o hospital de campanha no Mané Garrincha, e também para os hospitais privados que abriram vagas de UTI exclusivas para covid-19, por meio de contratos com a Secretaria de Saúde”, explica Garcia.