Cidades

Empresários avaliam se vão abrir bares e restaurantes, mesmo se GDF liberar

Enquanto o Executivo local estuda a possibilidade de reabrir os setores na próxima semana, empresários e comerciantes analisam se voltarão a atender aos clientes presencialmente ou se manterão sistemas de entrega e take out

Donos de bares e restaurantes no Distrito Federal reagiram com incerteza após anúncio da possibilidade de reabertura na próxima semana. Após reunião com entidades do setor, como o Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes do Distrito Federal (Sindhobar) e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel/DF), o governador Ibaneis Rocha avaliou a possibilidade de retorno das atividades para 25 de junho.

Para que isso aconteça, a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), a Secretaria de Saúde, além da pasta de Transporte e Mobilidade, farão um estudo sobre a situação. Em nota, a Codeplan não deu prazos e informou apenas que está em fase inicial de pesquisa. “Os principais fatores considerados são: número de contágio, capacidade de atendimento da rede de saúde e impacto no isolamento”, detalha o texto. Também não está decidido como funcionará a checagem de funcionários e clientes desses locais. A pasta responsável, DF Legal, ressaltou, também em nota, que a fiscalização ainda não foi definida: “As ações só devem acontecer mediante a edição do decreto sobre o assunto”.

Gerente do restaurante Bacana, no Guará, Everson Resende mostra-se preocupado. “Eu esperava reabrir só lá para agosto, com a volta das escolas. Agora, realmente, só se ouve de amigos e parentes sobre mais pessoas sendo contaminadas (por coronavírus)”, pondera. “Muita gente com resultado positivo, e outros que nem sabem que têm a doença e vão espalhando.” O comércio funciona há 25 anos e, antes da pandemia, era pizzaria à noite. Com a crise, restou apenas o serviço de almoço. “Somos um restaurante de bairro; então, os clientes são sempre os mesmos. Mas o movimento caiu cerca de 60%.”

O proprietário da Dona Lenha, Paulo Mello, se mostra apreensivo com a retomada, sem saber se os clientes estarão dispostos a frequentar os espaços. “É muito difícil saber o que vem pela frente. Estamos preparando as lojas com maquinário, uniformes para os funcionários, novas formas de apresentar cardápio e fazendo o possível para abrir”, revela. “Não queremos abrir, mas precisamos. Trabalhamos com delivery, mas o rendimento não é suficiente para ninguém. Ele representa de 20% a 30% do que seria o faturamento normal, e isso não paga nem as contas básicas do restaurante. Está todo mundo no vermelho”, lamenta.

Há também quem esteja decidido a permanecer limitado ao sistema de entregas, mesmo com a permissão para reabrir as portas. É o caso do Donburi, com unidades no Setor Bancário Sul e em Águas Claras. Mônica Hatano, responsável de marketing, explica que a intenção é continuar com os serviços de entrega e take out, quando o cliente faz o pedido e busca a comida. “Mesmo se a vacina for criada hoje e a pandemia passasse, o consumidor mudou muito a forma de fazer pedidos. Ele vai pensar duas vezes antes de pegar fila em restaurante, gastar gasolina”, avalia.

Pilares

Segundo Jael Antônio da Silva, presidente do Sindhobar, durante a quarentena, o setor deixou de faturar entre R$ 700 milhões e R$ 750 milhões. “Ou seja, o GDF não recolheu entre R$ 20 e R$ 25 milhões. Além disso, temos um crescente número de desempregados, beirando 20 mil demissões. Até o fim do mês, estimamos que chegue a 30 mil. Mas, se a data de 25 se concretizar, muitos empresários vão conseguir impedir que isso aconteça, porque vão fazer a conta, e ver que, com um dinheirinho entrando, dá para se virar. É uma luz no fim do túnel”, afirmou.

Jael acrescentou que os bares e restaurantes seguirão três pilares básicos: higienização, distanciamento e evitar aglomerações. “Vamos colocar as mesas com afastamento entre 1,5 m e 2 m. Com isso, perde-se a aglomeração, porque limita o espaço do restaurante. Vamos fazer um sistema de controle, através da testagem de febre. Duas vezes por dia, no caso de empregados, e na entrada, para os clientes. Todos devem estar de máscara, mas lógico que, para comer, não tem como ficar usando”, explicou.

Salões de beleza também na pressão

Os salões de beleza do Distrito Federal deverão retomar as atividades em 1º de julho. A informação foi confirmada ao Correio pelo sindicato da categoria e por fontes do GDF. Representantes do setor tiveram uma reunião com o governador Ibaneis Rocha (DEM), ontem, para apresentar o protocolo de condutas seguras para voltar a funcionar. A reportagem apurou que a abertura dos salões está condicionada a dois fatores. Primeiro, os pesquisadores da Codeplan serão consultados sobre o cenário de infecções e mortes por covid-19 e os impactos da retomada do setor. Segundo, o governo precisa viabilizar 200 novos leitos para atendimento de pacientes com coronavírus. O presidente do Simbeleza, Célio Paiva, afirma que os estabelecimentos estão preparados para a retomada das atividades com o máximo de segurança possível.
 
* Colaborou Ana Clara Avendaño (estagiária sob supervisão de Guilherme Goulart)