Após ser detido pela Polícia Civil do DF, o apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) Renan Sena, 57 anos, voltou para a Praça dos Três Poderes, ao lado de manifestantes a favor do governo. O grupo se reúne no local nesta segunda-feira (15/6). Renan deixou a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) após prestar depoimento e assinar um termo circunstanciado de ocorrência, no domingo (14).
Segundo Reinaldo de Oliveira, participante do mesmo grupo que Renan, os apoiadores desejam que o direito “constitucional” à manifestação seja atendido. “Nossa intenção é pedir um mandado de segurança contra o Governo do Distrito Federal e exigir nossos direitos”, declarou.
O manifestante informou ao Correio que cerca de 30 pessoas estão concentradas em um estacionamento ao lado da Praça dos Três Poderes. “Estamos usando uma kombi como ponto de apoio para nossa concentração. Hoje pela manhã uma oficial veio nos tirar de lá, mas não vamos sair. Ficaremos o tempo que precisar até conseguirmos os nossos direitos”, reforçou Reinaldo.
O manifestante também afirmou que, nesta segunda-feira (15), no fim da tarde, haverá concentração dos apoiadores em frente ao Palácio do Planalto, “antes da saída do presidente”.
Em nota, a Comunicação da Polícia Militar do Distrito Federal informou que “Até o momento não há nenhum indicativo de montagem de acampamento na Esplanada. A PMDF está monitorando o local.”
A reportagem também entrou em contato com o DF Legal para questionar se haverá alguma ação para desmobilizar o grupo. No entanto, até a mais recente atualização desta matéria, o órgão não tinha se manifestado.
Desmobilização
Na manhã do último sábado (13), uma operação coordenada pela Secretaria de Segurança Pública e pelo DF Legal desocupou a área pública onde estava instalado o acampamento do “300 do Brasil”, na Esplanada dos Ministérios. A ação visou o cumprimento um conjunto de leis federais e locais, além do decreto do GDF que proíbe aglomeração por conta da pandemia mundial do coronavírus.
O grupo estava reunido ao lado do Ministério da Justiça e Segurança Pública e ao lado do Ministério da Agricultura. A desmobilização do acampamento é alvo de uma ação civil pública das 1ª e 2ª promotorias de Justiça Militar do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Em caráter de urgência, o órgão pediu à Justiça a desmobilização dos manifestantes e a proibição da retomada do movimento. Os bolsonaristas se reúnem em Brasília desde o fim de abril.
Prisão após ato
Renan Sena foi preso no domingo (14) por agentes da DRCC, após uma manifestação de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, em frente ao Palácio do Buriti. Os policiais abordaram o suspeito no Setor de Indústrias Gráficas (SIG), para evitar tumultos. A detenção do acusado ocorreu após ele aparecer em vídeo xingando o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e proferindo injúrias contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional. A filmagem foi feita na Praça dos Três Poderes.
O bolsonarista também é suspeito de ter participado do um ato do movimento “300 do Brasil” — liderado por Sara Winter —, no último sábado (13). Os integrantes do grupo filmaram fogos de artifício apontados para o STF, enquanto Renan narra: “É o povo, seus comunistas, seus bandidos… Está entendendo o recado?”.
Além disso, Renan foi um dos apoiadores do governo Bolsonaro que, em maio, hostilizou e agrediu verbalmente um grupo enfermeiras que protestavam, em silêncio, na Praça dos Três Poderes. O acusado foi filmado chegando perto de uma profissionais da saúde, tentando afastá-la dos demais manifestantes. “Eu tenho peso. Você tá me ouvindo? Sua analfabeta medíocre”, gritava.
Analista detida
Durante a prisão de Renan, uma analista judiciária acabou presa em flagrante após tentar impedir a ação da DRCC. A servidora do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) conduzia o GM Pálio branco onde o bolsonarista estava, no banco passageiro. Ela tentou fugir da abordagem, mas não conseguiu.
Após agentes prenderem Renan e o levarem sob custódia para a sede da delegacia, no Complexo da Polícia Civil — no Parque da Cidade —, a analista seguiu a viatura. No trajeto, a motorista chegou a entrar na contramão várias vezes, colocando outros veículos em risco de acidente.
No Complexo da corporação, a mulher desceu do carro exaltada e chegou a bater na viatura da PCDF, no entanto, não ocasionou danos materiais. Em meio à confusão, os agentes decidiram abordá-la, mas ela resistiu. A todo momento ela xingou e hostilizou a equipe, gritando que se tratavam de “policiais nojentos e desonestos”.
De acordo com o delegado Dário Taciano de Freitas Junior, a suspeita foi indiciada pelos crimes de “desobediência, desacato e resistência”, e teve de pagar R$ 1,5 mil de fiança para ser liberada. “Em primeiro momento, ela desobedeceu o comendo dos policiais civis para que parasse o veículo. Além disso, agrediu verbalmente mais de um agente, com xingamentos e ofensas. Outro ponto que é importante frisar é que a suspeita resistiu à prisão de forma violenta, se debatendo. Assim, ela poderia se autolesionar”, afirmou ao Correio.