Na busca pela companhia perfeita vale tudo, e quando o assunto é encontrar o par romântico, Santo Antônio está no topo da lista de queridinhos. Acostumado a ficar mais de ponta-cabeça do que em pé, o intercessor faz parte de diferentes culturas e, em Brasília, não é diferente. Apesar da tradição antiga, muitos são os solteiros que ainda recorrem ao santo.
São várias as histórias de onde surgiu essa tradição. É o que explica o pároco do Santuário Santo Antônio, frei Carlos Antônio da Silva. “Ainda em vida, muitos pediam a intercessão dele e conseguiam encontrar os pretendentes. Contam que, antigamente, mulheres iam até ele, pois não tinham o dote, algo próprio da época. Ao pedirem o conselho do santo, conseguiam o valor necessário e, assim, podiam casar-se com quem amavam”, afirma. “Depois de santo, isso deu-se continuidade. Há muitas histórias”, compartilha.
De acordo com o frei, não é difícil encontrar casais que tenham selado a união graças à intercessão do santo, mas a proteção vai além. “Aqueles que buscam essa devoção encontram graças para toda a família. Além de padroeiro do casamento, Santo Antônio protege o lar desses casais”, afirma. “Aqui na paróquia, há muitas pessoas que se casaram após a intercessão dele e viram muitos milagres serem realizados”, acrescenta.
A devoção, que acompanha décadas de histórias, ainda se mantém viva na sociedade. “Tornou-se tradição. Aqui no santuário, há cerca de três, quatro gerações de famílias que continuam passando para filhos e netos”, ressalta o pároco. Para ele, a devoção leva os fiéis a uma intimidade espiritual mais profunda. “Você passa a ter um amigo que intercede pela sua vida. Ele se torna próximo seu, e é Santo Antônio é muito próximo das pessoas. Elas pedem, e recebem”, acredita.
Mas, afinal, a tradição de colocar o santo em geladeiras, mergulhá-lo em potes de mel e xícaras de açúcar têm seu efeito? Para o frei, algumas tradições populares possuem exagero. “Qual o sentido de torturar o pobre santo?”, brinca. “É um lado folclórico da devoção. É importante trabalharmos o racional. Há sentido em acender a vela, levar doações para os pobres”, reforça. “Toda devoção deve nos aproximar de Jesus Cristo. Se isso não acontecer, tem algo errado. Precisamos caminhar para sermos cristãos melhores”, afirma.
Foi o caminho trilhado pelo casal Patrícia e Marcos Lima, 32 e 30 anos, respectivamente. Eles contam que se conheceram na faculdade de engenharia elétrica, mas os anos os afastaram. Após aumentarem a frequência no Santuário Santo Antônio e se aprofundarem na história do santo, o amor pela caridade e entrega pelo serviço na igreja aumentaram, assim como o interesse pelo outro. “Santo Antônio roga pelas famílias e, hoje, estamos construindo a nossa. Somos prova da intercessão dele sobre os casais”, afirma Patrícia. “Aqueles que não têm convicção de sua intercessão verão que ele não abandona seus devotos”, completa Marcos.
Segundo o casal, o cuidado do santo com o relacionamento deles ficou claro após uma viagem que fizeram juntos para Pádua, na Itália, local que se encontra a Basílica de Santo Antônio. “Foi uma grande emoção estar diante das relíquias e do túmulo dele. A partir daquele momento, tivemos certeza que ele estava trabalhando para a nossa união”, acredita Patrícia. No dia 13 de junho, durante a festa de Santo Antônio, o casal ficou noivo e, em fevereiro deste ano, casaram.
Casamenteiro
Moradores de Santo Antônio do Descoberto, os noivos Brendo Araújo, 24, e Isabela de Andrade Viana, 18, contam que a devoção pelo santo começou desde cedo. “Sempre conheci algumas partes da história dele. Ao passar dos anos me aprofundei, fiquei apaixonado”, conta o analista de sistemas. Para a recepcionista Isabela, a devoção começou após se mudar para a cidade, que carrega o nome do padroeiro. “Conheci mais a história do santo e amei as festinhas que os moradores organizavam. Foi aí que minha devoção começou”, completa.
Foi na festividade dedicada ao santo da cidade que tudo aconteceu. Brendo explica que uma das tradições da celebração é o pau de Santo Antônio. “O padre diz que quem pega um pedaço de Santo Antônio, garante a intercessão do padroeiro na vida amorosa”, afirma. E foi o que aconteceu, conforme explica o casal: “Em 2016 pegamos um pedaço desse pau na festa. A Isabela orou e pediu para que o santo rogasse por ela, para que conhecesse um rapaz católico”, lembra. “Nós já nos conhecíamos, mas após isso passamos a conversar. Conversa vai, conversa vem, começamos a namorar naquele mesmo ano”, afirma Brendo.
Em meio à pandemia da covid-19, o Santuário Santo Antônio transmitirá, pelo YouTube da Paróquia, missas vituais. A bênção e a entrega do pão de Santo Antônio serão realizadas por drive-thru, para pessoas com carro, e em filas adaptadas ao distânciamento social, para quem estiver a pé (veja Serviço).
* Estagiária sob supervisão de José Carlos Vieira
- Muito mais do que casamentos
A devoção a Santo Antônio vai além de casamentos e namoros. Conheça outros grandes feitos do cristão:
1 - Padroeiro das coisas perdidas: assim como São Longuinho, pede-se a intercessão do santo para encontrar aquilo que procura.
2 - Padroeiro dos humildes: o santo distribuía alimentos aos menos favorecidos. Foi daí que surgiu o “Pãozinho de Santo Antônio”. Segundo a tradição, aqueles que o pegarem, abençoado por um sacerdote, e deixá-lo em uma vasilha de alimento da sua casa, não faltará comida em suas casas durante todo o ano.
3 - Santo dos milagres: fez muitos ainda em vida. Durante suas pregações nas praças e igrejas, muitos cegos, surdos, coxos e muitos doentes ficaram curados. - Serviço
Confira a programação da celebração de Santo Antônio no Santuário:
Data: Hoje
Local: SGAS 911 Bloco B - Asa Sul
Às 8h, 12h e 19h: Missas virtuais pelo YouTube da Paróquia e webtv PSSA
Das 8h às 11h e das 14h às 18h: Bênção e entrega do pão de Santo Antônio para pessoas de carro e a pé