De maneira discreta, sem cerimônia de inauguração, a nova Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam II), começou a funcionar, ontem, em Ceilândia. Promessa de campanha do governador Ibaneis Rocha, ela está localizada no mesmo edifício da 15ª Delegacia de Polícia (centro da cidade).
Antes de iniciar os trabalhos, a equipe, que conta com 48 policiais, participou de um curso de formação com diversos organismos, entre eles, o Núcleo Judiciário da Mulher, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), que realizou palestras sobre medidas protetivas de urgência, e lei Maria da Penha. A Deam, que também é central de flagrantes, fica no térreo do prédio, que agora também tem uma unidade do Instituto de Medicina Legal (IML).
Assume o posto de delegada-chefe, Adriana Romana, que, até então, estava na 29ª DP (Riacho Fundo). Antes disso, ela passou pela 38ª DP (Vicente Pires), e por todas as circunscricionais de Ceilândia. “Fizemos um levantamento das ocorrências de violência na Lei Maria da Penha registradas, no ano passado, nas quatro unidades da cidade, das quais vamos absorver atendimento. Somamos cerca de 2,5 mil acompanhamentos, e a expectativa é de que acabe sendo muito maior”, avalia a delegada.
Adriana tem experiência em casos de violência contra a mulher. Em 2019, liderou as investigações que solucionaram um dos casos que chocaram o DF: o assassinato da vendedora Noélia Rodrigues de Oliveira, 38 anos, morta pelo vizinho Almir Evaristo Ribeiro. Ele está preso, aguardando julgamento. “A gente conseguiu desvendar um crime sem testemunha presencial, apenas com o trabalho de inteligência.”
Ela reforça a importância da denúncia. “Nossa ajuda é estatal. Vamos tomar medidas para que a vítima consiga se afastar do agressor, mas, se a gente não tem conhecimento do que está acontecendo, a chance de aquilo evoluir para um feminicídio é muito grande”, alerta. “Denuncie, por qualquer canal que for, e a gente vai verificar.” Em 2019, o DF foi a segunda unidade da Federação a registrar o maior número de denúncias de violência contra a mulher, segundo dados do Balanço da Central de Atendimento à Mulher, do Ministério da Mulher, Família, e dos Direitos Humanos (MMFDH).
Casa da Mulher
Para a presidente da Comissão Externa de Combate à Violência Contra a Mulher, deputada Flávia Arruda (PL-DF), a nova Deam é uma conquista. “Sair da zona central de Brasília, e levar esse atendimento para as zonas periféricas, áreas em que realmente acontecem mais casos, torna o acesso das mulheres mais fácil”, comemora. Em 2019, O DF registrou 16,5 mil casos de violência doméstica, dos quais 17% (2.816) aconteceram em Ceilândia. No primeiro trimestre de 2020, o DF tem 3,8 mil registros, sendo 453 em Ceilândia. Nos dois anos, a cidade lidera o ranking em maior número de ocorrências.
A parlamentar destaca as investigações de mulheres mortas. “Aqui, todas são, em um primeiro momento, classificadas como feminicídio. Essa é uma boa prática da Polícia Civil que traz a tona a realidade, e queremos implantar no Brasil inteiro.” Ao final da apuração, os casos podem ser reclassificados.
Buscando ampliar a rede de atendimento às vítimas, a bancada de deputados federais do DF destinou verba de R$ 3,6 milhões para a criação de quatro Casas da Mulher Brasileira, que serão localizadas em São Sebastião, Sobradinho, Sol Nascente, e Recanto das Emas. Os espaços darão acolhimento e orientação às vítimas. Ainda não há data para quando as unidades ficam prontas.
Onde procurar ajuda
Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam)
Entrequadra 204/205 Sul - Asa Sul
Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam II)
QNM 02, AE, Conjunto G/H, Ceilândia Centro
Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência — Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
Telefone: 180 (disque-denúncia)
Centro de Atendimento à Mulher (Ceam)
De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h
Locais: 102 Sul (Estação do Metrô), Ceilândia, Planaltina
Disque 100
Ministério dos Direitos Humanos
Programa de Prevenção à Violência Doméstica (Provid) da Polícia Militar
Telefones: (61) 3910-1349 / (61) 3910-1350