A partir de hoje e até, pelo menos, quarta-feira, boa parte do comércio e das atividades produtivas de Ceilândia estará fechada para cumprir decreto do governador Ibaneis Rocha (MDB). A suspensão das atividades consideradas não essenciais é uma maneira de tentar conter a disseminação do novo coronavírus. A cidade lidera o ranking com mais casos confirmados no Distrito Federal, mas a medida do GDF tem dividido a população. O empresário Elias Nascimento, 47 anos, é contrário. Ele destaca que o número de infectados com a covid-19 na região subiu antes mesmo da retomada das atividades comerciais. “Acredito que exista outra forma de controlar essa curva, sem ser fechando o comércio, mais uma vez. Nós temos feito nossa parte, cuidando dos ambientes, medindo temperatura dos clientes, evitando aglomeração”, diz Nascimento, que é proprietário de uma loja na cidade.
Para a secretária Eliane Gomes, 40, o setor não deveria ter reaberto nas últimas semanas. “Acho que foi um atraso. O fechamento deveria ter sido mantido desde o início da pandemia. Essa foi a decisão mais acertada do governo”, afirma. Ela conta que, quando precisa sair de casa, observa a quantidade de pessoas na rua e as aglomerações em alguns locais de Ceilândia. “Os números estão altos aqui porque tem irresponsáveis nas ruas, sem necessidade. A responsabilidade de se cuidar é de todos nós”, completa.
O aposentado Albino Feitosa, 59, concorda com a medida. Segundo avaliação dele, muita gente está desacreditada do coronavírus e apenas o isolamento pode salvar vidas. “O fechamento dos comércios deveria acontecer por uma semana ou mais. Se não fechar, o número de mortes também não cessa. Hoje (ontem), só saí de casa por uma necessidade, mas daqui vou direto para casa. Na minha rua, tem muita gente fazendo festa, com música alta até a madrugada. Embora sejam confraternizações em família, o momento não é para isso”, destaca.
A musicista Leninha Pinheiro, 45, não conseguiu se posicionar sobre a medida. Para ela, é preciso olhar para os dois lados. “É complicado opinar, porque são dois pesos e duas medidas. Tem de se prevenir e o índice da doença é alto aqui. Porém, há trabalhadores que dependem dos comércios. Não tenho uma opinião sobre isso mas, se é para fechar, é preciso seguir”, avalia. Ela ressalta que, se a população seguisse as orientações de usar máscara e álcool em gel e evitar aglomerações, os números estariam mais baixos. “No Sol Nascente, tem gente fazendo festa. Dá muito medo, porque conheço pessoas que tiveram o coronavírus, e isso é preocupante”, garante.