Em tempos de serviços digitais e informações sendo compartilhadas a todo momento na internet, um golpe envolvendo o saque emergencial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), de R$ 1.045, tem feito milhares de vítimas. Segundo a Psafe, desenvolvedora de software de segurança, mais de 90 mil acessos e compartilhamentos do link falso foram detectados, e 15 URLs maliciosas identificadas.
O golpe ocorre por meio de uma página falsa na internet. Com ela, os golpistas solicitam dados pessoais das vítimas e, em seguida, pedem o compartilhamento do link com seus contatos de WhatsApp, como uma suposta garantia para o recebimento do valor. Os estados com maior número de vítimas são: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul. Segundo informações da Psafe, foram registrados cerca de mil casos no Distrito Federal.
Diretor da desenvolvedora de software, Emilio Simoni explica que, quando a vítima informa seus dados no link malicioso, fica vulnerável ao vazamento de informações pessoais, que podem ser usadas pelos cibercriminosos para realizar a assinatura de serviços on-line, além de abrir contas em bancos com os dados roubados. “Outro problema é quando a vítima compartilha o link malicioso com seus contatos, ela torna-se um vetor de disseminação do golpe, o que garante aos cibercriminosos um crescimento acelerado dos ataques”, ressalta.
Na mensagem enviada pelos criminosos, há o falso link para que o usuário consulte a aprovação de seu benefício e a possível data para o saque. Essa dinâmica havia sido observada, anteriormente, em outros ciberataques, como o que prometia o cadastro no Programa de Auxílio Emergencial do Governo. No entanto, diferentemente do primeiro golpe, este ainda redireciona a vítima para um site que solicita permissão para o envio de notificações. “Quando a pessoa concede a permissão para o envio das notificações, os criminosos podem utilizá-la para repassar propagandas, com as quais lucram, e, até mesmo, aplicar novos golpes”, alerta Simoni.
Foi o caso da doméstica Sofia Maria Pereira, 55 anos. Ela conta que recebeu o link de uma vizinha, mas, antes de clicar, pediu ajuda para a filha, com medo de fazer algum procedimento errado. Foi quando desconfiou da mensagem. “Eu não entendo muito de rede social. Pedi a ajuda da minha filha para não fazer nenhuma besteira, mas ela logo percebeu que poderia ser falso”, conta. “Como a maioria das coisas está sendo feitas pela internet, hoje, por conta da pandemia, quem é mais velho e não conhece muito, acaba caindo no golpe. Aconselho a quem tiver pessoas mais jovens por perto a pedir ajuda”, reforça Sofia.
Recomendações
O delegado Dário Taciano de Freitas Júnior da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) explica que, para evitar esse tipo de golpe, é importante que o usuário suspeite dos links, ainda que enviados por conhecidos ou familiares. “Cheque a veracidade das informações. Antes de clicar em links, faça uma busca rápida pela internet e confirme a veracidade da mensagem”, reforça Dário. Para fugir de golpes em ambiente digital, o delegado aconselha que o consumidor esteja atento a algumas características dessas mensagens. “É comum que a plataforma desses links maliciosos contenha erros gramaticais”, alerta.
Dário diz, ainda, que o número de ocorrências desse tipo de golpe teve um aumento significativo durante o período de pandemia. Como forma de enfrentamento, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) ampliou o rol de ocorrências que podem ser registradas pela internet, sem a necessidade de que a vítima compareça a uma delegacia. “É uma investigação extremamente técnica. Mas, como é sabido, o crime digital deixa rastros. Dessa forma, o meio virtual viabiliza a identificação de provas e, por intermédio de uma investigação, é possível chegar ao verdadeiro autor do fato”, explica o delegado.
A quem recorrer?
Para o advogado especialista em direito do consumidor Welder Rodrigues Lima, é importante que o consumidor não clique em links sem ter a certeza de sua credibilidade. “Jamais deve-se fornecer dados pessoais ou compartilhar endereços eletrônicos desconhecidos”, orienta. “Qualquer informação envolvendo programas governamentais devem ser esclarecidas junto aos sites oficiais do governo ou da instituição financeira. O endereço oficial pode ser obtido por meio de pesquisas nos sites de buscas ou por meio de telefone disponível para atendimento ao consumidor”, detalha.
Welder destaca que, caso o consumidor seja lesado, é preciso que mantenha consigo elementos que comprovem o fato, como as mensagens recebidas e o endereço do site. “Jamais delete qualquer informação, pois tudo pode ser útil para uma possível investigação policial”, ressalta. O advogado completa que, se houver dano, o usuário deve denunciar na delegacia. “Após o registro da ocorrência e, caso seja possível identificar o autor do golpe, poderá, ainda, ajuizar uma ação civil pleiteando a reparação dos danos materiais e, até mesmo, morais”, finaliza.
Saque emergencial do FGTS
O saque emergencial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) vai liberar até R$ 1.045 para os trabalhadores que têm contas no FGTS ativas ou inativas. Primeiramente, o valor estará disponível em uma conta digital da Caixa e, só depois, poderá ser sacado presencialmente nas agências do banco. A medida provisória que autorizou essa nova rodada de saques do FGTS tem o intuito de ajudar os trabalhadores brasileiros a enfrentarem a crise do novo coronavírus. Os pagamentos vão começar em 15 de junho e poderão ser realizados até 31 de dezembro. O calendário ainda será divulgado pela Caixa.
*Estagiário sob supervisão de Guilherme Marino
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.