Os advogados voluntários da vítima, Anderson Tiago Campos e Paulo Henrique de Oliveira, esclareceram que levarão Weliton ao Instituto de Medicina Legal (IML) para exame de corpo delito hoje. “Pretendemos pedir o auxílio da Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados (OAB) local para acompanhar o caso no âmbito administrativo”, ressaltou Anderson. “Vamos cobrar indenização pelos danos. O vídeo é claro e não deixa dúvidas da utilização da força policial”, acrescentou Paulo.
Por meio de nota oficial, a Polícia Militar confirmou as agressões, informando que “o final da ação foi registrada conforme o vídeo”, mas argumentou que foi chamada após várias denúncias de perturbação e tranquilidade e da ordem pública. A corporação ressaltou que “não há que se falar em atitude racista, mas de excesso na ação policial”, e que os policiais foram ouvidos, no devido processo disciplinar/criminal, pela Corregedoria da PM, para “verificar as circunstâncias do fato com o rigor que o caso requer”. Nas redes sociais, a Polícia Militar de DF publicou que não compactua com desvios de conduta e reforçou que caso não se tratou de racismo. “Somos uma instituição bicentenária multiétnica e consciente da sua responsabilidade junto à sociedade. Os policiais do vídeo estão na Corregedoria e nada será impune aos rigores da lei”, diz o texto.
O secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, emitiu nota oficial, afirmando que atua em conjunto com o comando da PMDF para adotar “todas as providências legais de apuração dos fatos ocorridos”. “Está em curso a instauração de Inquérito Policial Militar. Deixamos claro, desde já, que as atitudes dos policiais em questão em nada correspondem às diretrizes de abordagem e conduta preconizadas pela corporação”, ressaltou o titular da pasta.
A Câmara Legislativa (CLDF) encaminhou, ontem, um ofício à PMDF pedindo a investigação das denúncias de violação dos direitos humanos ou cidadania. Na nota, assinada pelo deputado e presidente da Comissão dos Direitos Humanos, Fábio Felix, a Casa “repudia tal desvio de conduta e expressão do racismo institucional.”
De acordo com o presidente da OAB-DF, Délio Lins, ocorrências como essas são recorrentes. “Sempre que recebemos, prestamos assistência, após fazer uma análise do caso e ver a procedência. Quando se trata de um processo na Corregedoria, nos habilitamos como fiscais. Quando não existe, damos início ao procedimento”, frisou.
O caso também é investigado pela 16ª Delegacia de Polícia (Planaltina). Agentes foram ao supermercado em busca das imagens das câmeras de segurança.