A oferta de preços de insumos hospitalares durante a pandemia do novo coronavírus mais do que dobrou, de acordo com a Ata de Registro de Preços do Hospital da Criança de Brasília. Material que era comprado no valor de R$ 17,70, agora está saindo por R$ 32 – como o caso das luvas de procedimento não estéril utilizadas pelos profissionais da saúde.
Por dois meses consecutivos apresentando alta nos valores, o hospital resolveu levar a questão ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) para que investigue possíveis abusos repassados pelas empresas fornecedoras. O ofício foi encaminhado para a Promotoria e Justiça Defesa da Saúde (Prosus), em 19 de maio.
O superintendente executivo do Hospital, Renilson Rehem, explicou ao Correio que essa é uma situação previsível – tendo em vista o cenário atual –, porém alguns fornecedores podem se aproveitar e lucrar em cima com valores bem mais altos do que o mercado. “Nos preocupamos com a diferença dos preços. Não podemos ver isso com naturalidade, por isso acionamos os órgãos de controle para averiguar”, destaca Renilson
Além do valor mais alto, algumas empresas têm atrasado a entrega de itens que já foram solicitados. Para a instituição hospitalar, esse atraso pode ter uma intenção de que sejam pedidos a revisão de preço já combinados. “É comum que, por motivos de força maior, o fornecedor queira renegociar os valores. Mas isso está acontecendo mais vezes que o normal”, pontua o superintendente.
Mesmo com a alta, o Hospital da Criança de Brasília esclarece que não há falta de insumos e nem deixou de adquirir os materiais em relação aos valores ofertados. “É nossa obrigação fornecer esses insumos. Temos um estoque bom e não vamos deixar de comprar. Estamos lidando com vidas”, afirma Renilson.
Em abril, o hospital havia encaminhado outro ofício ao MPDFT com informações sobre a prática de preços exorbitantes de equipamentos de proteção. Neste documento, a máscara cirúrgica foi de R$ 0,18 para R$ 3,10; pacote de luvas com 100 unidades de R$ 14,74 foi para R$ 54. O litro de álcool 70% estava R$ 3 e subiu para R$ 24,90.