A denúncia chegou à polícia na última segunda-feira (18) por meio do próprio padre do centro religioso. Segundo o delegado Renato Martins, da 20ª Delegacia de Polícia (Gama), o burburinho do acontecido tomou a comunidade após uma live da banda do acusado, durante a qual um espectador acusou o homem de estupro. Ao tomar conhecimento dos fatos, o padre reuniu as informações e procurou a polícia no dia seguinte.
De acordo com a investigação, o homem não exercia nenhuma outra função além de auxiliar as atividades religiosas e comandar o grupo de jovens. Segundo a polícia, os crimes ocorriam após os encontros, chamados pelos meninos de "reunião dos cuecas", frequentada apenas peos membros do sexo masculino.
O suspeito morava na paróquia desde 2017. Ainda assim, o delegado ressalta que os crimes não eram praticados dentro da igreja, e não havia nenhum tipo de consentimento do padre, ou de outras pessoas da comunidade religiosa.
"Todos os relatos dão conta que os abusos ocorreram fora, em reuniões que eram marcadas alheias à igreja. Ele convocava os integrantes do sexo masculino para reuniões fora da igreja. Isso acontecia em retiros e casas de alguns dos membros e, segundo as vítimas, os abusos aconteciam após essas reuniões", detalhou o delegado.
Os 12 jovens identificaram o homem como autor dos crimes sexuais. Outras oito pessoas também foram ouvidas. A polícia, agora aguarda os resultado dos laudos do Instituto Médio Legal (IML) e acredita que, com a repercussão do caso, novas vítimas ainda devam se manifestar.
O homem acusado dos crimes compareceu na delegacia acompanhado de um advogado e fez uso do direito de permanecer calado. Ele responde ao processo em liberdade, mas ainda poderá ser preso a qualquer momento, de acordo com o delegado.
Acima de suspeita
Segundo o delegado, até o momento não há qualquer indício de que o homem tenha algum tipo de problema de sanidade mental. De acordo com os depoimentos colhidos, ele era bastante conhecido e tinha a confiança da comunidade religiosa.
Na vizinhança, a consternação é a mesma. De acordo com um comerciante vizinho à igreja, a notícia assustou a todos. “Essa é a minha paróquia há 40 anos, tenho crianças da minha família que fizeram eucaristia aí. Isso é uma surpresa horrível pra gente. Se o padre o denunciou é porque a coisa é séria. Esse padre é muito justo, ele jamais permitiria uma coisa dessas”, declarou.
Outra fiel que preferiu não se identificar disse à reportagem do Correio que o acusado era bem quisto na igreja. “Todo mundo conhece ele. Não está aí há muito tempo não, mas ele era ótimo pra igreja. Ajudava em tudo. Ele não aparentava ter nenhum problema não. Nunca desconfiaria”
Santa Maria
Após o início da investigação a Polícia Civil também recebeu outra denúncia dos mesmos crimes cometidos em Santa Maria. Segundo o delegado, este teria ocorrido antes de 2017, quando o acusado mudou-se para os fundos da igreja no Gama. A polícia ainda investiga o caso.
Pena
De acordo com o delegado, o acusado não tem passagens pela polícia e, caso sejam comprovados os crimes de estupro e violação sexual mediante fraude, ele poderá pegar de seis a 10 anos para casos praticados contra maiores de idade, de oito a 12 anos para casos praticados contra menores de idade, e de dois a seis anos para a segunda modalidade criminal.