Aos poucos, os casacos, as meias e os moletons vão ganhando espaço na rotina da população do Distrito Federal. Em casa ou no trabalho, os agasalhos de inverno começam a sair do guarda-roupa do brasiliense. Apesar de estarmos ainda no outono, a queda das temperaturas sinalizam a chegada do frio e, para piorar, as doenças sazonais, como gripes e alergias. Faltando menos de um mês para o inverno, o fim de semana será de frio e reviradas no tempo, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A previsão é de que a mínima fique em torno de 15ºC, enquanto a máxima varia entre 26ºC e 28ºC, hoje, chega e 25ºC amanhã. As chuvas também não estão descartadas.
A otorrinolaringologista Larissa Camargo, do Hospital Santa Lúcia, explica que com a redução da umidade e a queda da temperatura, a barreira primária, ou seja, o nariz, fica com menos capacidade de se proteger. Agentes, como fungos, bactérias, microrganismos e os alérgenos são mais suscetíveis a desencadear processos inflamatórios. “Isso acontece tanto em vias aéreas superiores, com otites, faringites, amigdalites e sinusite, como na via aérea inferior, que é o pulmão, no qual as principais manifestações são os quadros de asmas, bronquite e pneumonias”, detalha. Por isso, em tempos de covid-19, a importância do uso da máscara para evitar qualquer tipo de enfermidade.
Para evitar-se as doenças, a melhor forma é fortalecer a proteção nas portas de entrada, segundo Larissa. “Lavar mais o nariz reduz a quantidade desses agentes na porta de entrada; hidratando-se, a pessoa hidrata as mucosas. Assim, você melhora a proteção, além de não esquecer de lavar sempre as mãos.” Outras recomendações são evitar ficar em ambientes fechados, com aglomerações e higiene ambiental. “A luz do sol reduz a concentração desse alérgenos, eles são sensíveis ao calor. Então é importante expor o ambiente à luz e deixá-lo mais ventilado”, completa. A médica ainda destaca a importância de se tomar a vacina contra a gripe. Outro alerta são aos alérgicos que tendem a sofrer mais nesse período. A indicação é procurar acompanhamento médico.
O clima vem mudando desde o início da semana. “A temperatura máxima ficou em torno de 22ºC. No fim da semana, entre quinta e sexta-feira, as máximas aumentaram um pouco, ficando entre 26ºC. e 27ºC. No fim de semana, não vai ser muito diferente, porém, vamos ter um tempo um pouco mais abafado”, explica a meteorologista do Inmet Naiane Araujo. A nebulosidade, prevista para o fim do dia, deve causar precipitações de hoje para amanhã. “Domingo devemos ter uma virada de tempo, com céu mais fechado e condição de chuva”, detalha.
A baixa nas temperaturas é causada por uma frente fria vinda do Sul, de acordo com Naiane. A tendência é de a massa de ar passar pela região leste do Brasil, proporcionando um clima mais frio no DF e em parte do Goiás, além de trazer a condição de chuva. A meteorologista explica que as temperaturas mais baixas são comuns nesta época do ano pela aproximação com o inverno.
A enfermeira Jaqueline do Vale, 28 anos, levanta todos os dias de manhã e encara o frio para chegar ao hospital onde trabalha. “Acordo às 5h. A dificuldade começa na hora de levantar, pois o frio está demais, mesmo dentro de casa. Quando saio, perto das 6h, torna-se ainda mais complicado. Na parada de ônibus, a temperatura chega a 14ºC, pelo registro do meu celular”, conta.
Transição
Até o momento, a temperatura mais baixa registrada este ano no DF foi neste mês, quando os termômetros da região de Águas Emendadas chegaram a 9ºC, segundo o Inmet. O frio mais intenso está previsto para junho. “A gente está em uma transição. Tanto o outono quanto a primavera são estações de transição. Elas começam meio perdidas, ainda com a cara do período anterior, e conforme vai se aproximando, a tendência é ficar bem mais parecida com o inverno”, diz a meteorologista. O inverno começa em 21 de junho. O período segue até agosto. “Basicamente, a gente tem duas estações bem definidas no DF: a chuvosa e a seca. Esta começa agora, em maio e junho, e vai até julho, chegando a agosto. E esta estação é justamente o período do inverno, no qual temos essas entradas de ar frio”, ressalta Naiane.