Familiares de internos do sistema penitenciário do Distrito Federal vivem apreensões causadas pelo avanço do novo coronavírus, doença que até o momento infectou 608 presos e 212 agentes, de acordo com balanço divulgado ontem pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). Uma das principais queixas de quem tem parentes encarcerados é a falta de notícias sobre o estado de saúde do preso, após a suspensão das visitas presenciais por medida de segurança sanitária. A revolta gerou protesto na manhã de ontem. Um grupo de cerca de 30 pessoas se manifestou em frente à Vara de Execuções Penais (VEP) para pedir medidas de apoio do governo no combate à covid-19 nas carceragens e transparência nas informações repassadas.
Lucimara da Silva, 30 anos, diz que concorda com a suspensão de visitas, mas reclama da ausência de contato com os irmãos. “Não há notícia nenhuma deles e fico pensando o pior. Não sabemos como eles estão, se estão bem ou se estão em estado grave. Estou fazendo tratamento e fui diagnosticada com depressão. Sem informações, fica ainda mais complicado encarar isso”, desabafou.
Adriana Souza, 45, lembra que foram criados canais de comunicação entre presos e familiares, mas afirma que eles não estão funcionando. “Passaram um número de WhatsApp para a comunicação, mas não adianta, porque mandamos mensagem e ninguém responde. Sem contar que para fazer uma videoconferência com os detentos temos que pagar. Isso é um absurdo”, reclama.
Em nota, a Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe) informou que todas as medidas de segurança foram tomadas para evitar a disseminação do coronavírus no sistema carcerário. “Com relação à comunicação entre internos e familiares, a subsecretaria esclarece que, além dos aplicativos de mensagens, a comunicação pode acontecer por meio do site da Sesipe, no link do cadastro de visitantes. O trabalho de prevenção e de enfrentamento à covid-19 no sistema prisional é realizado de forma alinhada com a Secretaria de Saúde, a Vara de Execuções Penais e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, que também entenderam a urgência e a relevância do problema”, esclarece o texto.
A pasta não se posicionou sobre a falta de transparência quanto ao estado de saúde dos internos que contraíram o vírus, ou o motivo de os familiares dos internos não conseguirem manter contato com eles por meio de mensagens. (AR)