Metas, planos, viagens e mudanças. Muita coisa precisou ser cancelada ou adiada em 2020. Se no início do ano muitos estabeleceram metas e se organizaram para retirar as ideias do papel, a chegada do novo coronavírus ao país fez muitas pessoas colocarem esses mesmos planos em stand-by. Especialistas indicam que a quarentena é uma ótima oportunidade para rever as prioridades e restabelecer as metas para o pós-pandemia. Com mais tempo e menos distrações, o período de isolamento pode ser usado para encontrar estratégias de alcançar as expectativas e usufrui-las da melhor forma.
Os planos da psicóloga Andreia Arruda, 37 anos, eram, e ainda são, grandes. De grande importância para ela e o noivo, Raimundo Reis, a celebração da união dos dois foi adiada após a disseminação da covid-19. O casamento estava agendado para 12 de abril, com tudo planejado: vestido, cartão e buffet. “Eu esperava cerca de 200 pessoas. Alguns familiares vinham do Maranhão, outros, de Goiânia, mas com o agravamento da situação, achei melhor adiar”, conta a noiva. O cancelamento da festa foi informado aos amigos pelo WhatsApp e a união foi realizada de uma forma mais particular. “Eu adiei a celebração, e os planos, agora, são casar no civil e receber uma bênção pastoral. A celebração vai ficar para o fim do semestre”, explica.
Os serviços continuam contratados, aguardando uma nova data para o casório, o que por enquanto ainda não foi definida. Andreia pretende esperar a situação voltar à normalidade para então escolher o dia da comemoração. Para ela, não há problema em esperar, e o mais importante foi ter o apoio do noivo. Além disso, a religião e o trabalho ajudaram a não se apegar à data da festa. “Lidar com expectativa é algo muito angustiante. Além do apoio espiritual, ter uma meta de vida foi muito importante. Eu trabalho com juventude e continuei com o serviço. Tenho uma meta maior. O meu interesse individual acabou sendo suprido pelo interesse coletivo”, ressalta.
Vai passar
Estabelecer metas é importante para lembrar de que a atual fase vai passar, segundo a psicóloga Raquel Estrela. Porém, ela alerta que não é indicado ficar focados nelas, pois essa atitude pode contribuir para a ansiedade. “Estabelecer, traçar, estudar os meios, tudo é válido. Mas não podemos estabelecer prazos, porque não sabemos como será o período pós-pandemia. Esse novo objetivo, novo projeto, só será possível após sabermos, de fato, como o mundo vai estar”, enfatiza. Nesse momento, é fundamental manter o pensamento positivo, planejar, fazer pesquisas, porém, sem se apegar aos prazos.
A funcionária pública Andreisa Alcoforado, 43, estava com uma viagem marcada para o meio do ano. “A gente ia para o Rio de Janeiro. Eu tenho uma filha pequena, ela sempre quis conhecer a cidade e resolvemos ir em julho”, conta. Com o aumento de casos no estado, a diversão precisou ser cancelada, pelo menos, por enquanto. “A gente preferiu não marcar nenhuma data. Vamos esperar as coisas se normalizarem mais, e então nos reorganizarmos”, completa Andreisa. Além da viagem, algumas metas também foram adiadas. “Eu tinha a expectativa, neste ano, de colocar meus filhos em um reforço, em alguma atividade física, alguma programação no contraturno da escola, mas agora isso também teve de esperar”, ressalta.
A psicóloga Raquel destaca que o período da quarentena é uma ótima oportunidade para revisar as metas estabelecidas e traçar novas estratégias de conquistá-las. “É possível seguir com as metas estabelecidas anteriormente. Podemos usar o tempo, que normalmente gastávamos no trânsito para os estudos, para o projeto fitness, por exemplo. No final das contas, estamos tendo mais tempo. Otimizar essas horas é muito importante para não desanimar e seguir com nossos objetivos”, orienta. “Antes queríamos ter mais tempo para nós. Podemos aproveitar esse momento em casa, agora, para fazer isso”, acrescenta.
O especialista em inteligência espiritual Fabrício Nogueira concorda. “A vida é muito corrida e muitas metas são estabelecidas em torno do que os outros colocam para nós. Na quarentena, as pessoas têm a oportunidade de estar com elas mesmas”, ressalta. O período do isolamento social fez muitos olharem para si, ter um autoconhecimento, longe de distrações, de acordo com Fabrício. “As pessoa começaram a focar mais no essencial e valorizar a si mesmo”, diz.
Zona de conforto
Outro ponto apresentado por Fabrício foi a saída da zona de conforto. Em uma situação inusitada para o país, novos métodos de compra, de estudo e de comunicação tiveram que ser colocados em prática. “Muitos idosos saíram da zona de conforto. Precisaram comprar celular, aprender a mexer com tecnologia, aprender a usar as redes sociais”, exemplifica.
O analista de sistemas Allison Oliveira, 35, viu a tecnologia mudar completamente os planos e facilitar a rotina dele. A internet possibilitou ele assumir um novo cargo em Brasília, quando já estava com as passagens compradas para se mudar para São Paulo. “Eu assumi o cargo trabalhando de home office. Cancelei passagem, estadia, e acabei ficando por aqui”, conta. O analista comenta que o período de quarentena pode possibilitar um home office ampliado e mais tempo pela capital. “Eu aguardo o posicionamento da empresa, provavelmente muita coisa vai mudar. Eu já ia fazer dois dias na semana de home office”, afirma. “Talvez eu fique nessa ponte aérea entre Brasília e São Paulo”, complementa o analista. Profissional na área de tecnologia, ele acredita que muitas empresas estão olhando o teletrabalho com novos olhos. “A transformação digital veio para ficar, a pandemia só acelerou”, destaca.
» O especialista em inteligência espiritual Fabrício Nogueira definiu três passo para a reorganização.
1º passo: faça boas perguntas que ajudem a reorganizar o foco. O que é essencial e me faz estar bem? O que ocupa espaço e me faz perder energia? Quais pessoas ou relações valem o meu investimento?
2º passo: criar um quadro de decisões. Após colher as melhores respostas, tomar decisões com foco em resultados.
3º passo: criar uma agenda diária e semanal, com foco no que é essencial para você e no que te faz bem.